“Seguros enfrentam riscos prioritários”, diz Moody’s

A pandemia de Covid-19 alterou a percepção que os consumidores (particulares e empresas) têm das seguradoras, colocando ainda mais pressão à indústria para responder a questões consideradas prioritárias nas próximas décadas, aponta uma análise da agência Moody’s.

A recente disputa entre seguradoras e os segurados sobre cobertura de interrupção de negócios (BI-Business Interruption) relacionada com o Covid-19 realçou o desencontro, colocando o desempenho de muitas seguradoras aquém da expectativa dos seus clientes. Neste contexto, a agência de notação financeira espera que as seguradoras da região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) se concentrem na inovação de produtos e na proteção contra riscos tais como cibercrime, alterações climáticas e pandemia.

Um dos desafios apontados pelos analistas da Moody’s Investors Service é como satisfazer a procura de proteção contra riscos que se estão a tornar mais difíceis de segurar, reduzindo ao mesmo tempo a lacuna de proteção (protection gap) existente entre o risco total e o risco segurado. Segundo observa a agência de rating, a pressão sobre o sector deverá aumentar significativamente ao longo dos próximos 30 anos, uma vez que o incremento do risco climático torna cada vez mais caro segurar propriedades em certas regiões.

Outra das áreas que deverão merecer atenção por parte das seguradoras é a mudança dos clientes para os canais digitais, e um possível aumento da actividade de fusões e aquisições. “Os bloqueios relacionados com a pandemia encorajaram os clientes a interagir digitalmente com as suas seguradoras, e esperamos que muitos se agarrem a estes novos hábitos”, sustenta a Moody’s.

Pandemia afectou reputação dos seguros

Uma sondagem recente da GlobalData, empresa britânica de análise e dados, mostra um declínio na reputação da indústria seguradora a nível mundial, em grande parte como resultado da resposta que os seguros deram à pandemia do Covid-19.

De acordo com os resultados do estudo, um terço dos inquiridos considera que as suas opiniões sobre as seguradoras globais se tinham agravado substancialmente devido à pandemia. Globalmente, um total de 41% sentiu que a reputação das seguradoras piorou, enquanto 31% indicou melhoria.

“A pandemia tem sido, sem dúvida, uma situação extremamente difícil para as seguradoras. As reclamações em algumas linhas dispararam e muitas linhas tornaram-se difíceis de segurar”, considera Ben Carey-Evans, analista de seguros na GlobalData.

“O que mais pesou nos danos de reputação da indústria foram as disputas legais em torno de reclamações de interrupção de negócios” ao longo de 2020. “No Reino Unido, por exemplo, as principais seguradoras foram levadas a tribunal pela Financial Conduct Authority (FCA), por recusarem pagar pedidos de indemnização”, argumentando que a pandemia não estava coberta pelas apólices. “Acabaram por perder, mas a disputa e o atraso nos pagamentos terão causado alguns danos.”

Outros clientes tiveram de batalhar para obterem coberturas para viagens ou proteção de rendimentos, e é provável que isso também tenha contribuído para afectar a reputação do sector.

“A confiança dos consumidores sempre foi uma questão-chave para as seguradoras (…). Por conseguinte, não se podem dar ao luxo de permitir mais danos à sua reputação”, acrescentou Carey-Evans.

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