O embaixador da Rússia em Moçambique defendeu esta quinta-feira o uso do rublo e do metical para manter as transacções comerciais com o país africano face às sanções que enfrenta internacionalmente.
“O rublo e o metical são dignas divisas que podem ser usadas e não necessitam da benevolência de alguns outros países que controlam o sistema internacional”, declarou o embaixador da Rússia em Moçambique, Andrey Kemarsky, após um encontro com a CTA – Confederação das Associações Económicas de Moçambique em Maputo.
Segundo o diplomata, a Rússia está aberta a reforçar a cooperação com Moçambique e, com recurso às moedas dos dois países, é possível dinamizar a parceria, garantindo que Moçambique alcance resultados em torno dos seus esforços para a industrialização.
“A Rússia está aberta para apoiar Moçambique, tanto no que diz respeito aos cereais, fertilizantes ou máquinas que possam reforçar a vossa industrialização”, acrescentou o diplomata citado pela Lusa.
Andrey Kemarsky lembrou que a Rússia e Moçambique têm prevista para os próximos meses uma reunião inter-governamental em Moscovo, um encontro em que serão debatidos aspectos ligados a cooperação bilateral.
“Estes temas vão ser discutidos nesta comissão mista, estamos só à espera da resposta de Moçambique sobre as datas”, declarou o diplomata, que olha para o país africano como um parceiro confiável na estratégia de Moscovo de reforçar a sua presença no continente africano.
Moçambique esteve entre os países que se abstiveram em duas resoluções que foram a votos na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU): uma condenou a Rússia pela crise humanitária na Ucrânia devido à guerra e outra suspendeu Moscovo do Conselho de Direitos Humanos.
A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde a independência) foi um aliado de Moscovo durante o tempo da ex-URSS, tendo recebido apoio militar durante a luta contra o colonialismo português e ajuda económica depois da independência, em 1975.
Segundo dados avançados pela CTA, o volume anual das transacções económicas entre Moçambique e Rússia estavam estimadas em, pelo menos, 100 milhões de dólares.
A Rússia lançou em 24 de Fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de cinco mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,7 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
Também segundo as Nações Unidas, 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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