Potências ocidentais no Conselho de Segurança da ONU, lideradas pelos EUA, acusaram a Rússia de utilizar mercenários para explorar recursos naturais em países africanos para financiar a guerra na Ucrânia. Moscovo negou.
A embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, disse esta quinta-feira que os EUA estão preocupados com as acções do grupo Wagner, empresa de segurança próxima do Kremlin que está presente em vários países africanos, ao abrigo de acordos assinados com os respectivos governos.
A diplomata denunciou uma “estratégia de exploração dos recursos naturais da República Centro-Africana, no Mali, no Sudão e noutros países” e assegurou que as acções dos mercenários estão “documentadas” e são “irrefutáveis”.
“Os ganhos ilícitos estão a ser utilizados para financiar a máquina de guerra de Moscovo em África, no Médio Oriente e na Ucrânia”, disse Linda Thomas-Greenfield, que acusou a empresa mercenária de “explorar” os países, que pagam pelos seus serviços com ouro, diamantes, madeira e outros recursos naturais.
“Os africanos estão a pagar um preço elevado pelas práticas de exploração e violações dos direitos humanos do grupo Wagner”, insistiu.
We all have an interest in countering the illicit trafficking of natural resources in Africa.
Today, I spoke at the @UN Security Council about ways we can work together to do just that.
My full remarks:https://t.co/IvEInsstkh
— Ambassador Linda Thomas-Greenfield (@USAmbUN) October 6, 2022
“Estratégia predatória”
Não foram só os EUA que abordaram a questão. O Reino Unido também alertou para o facto de as “empresas militares privadas” estarem a retirar recursos de África e sublinhou a sua “preocupação com as actividades do grupo Wagner” no continente.
A França, por seu lado, apelou à comunidade internacional a prestar mais atenção à “estratégia predatória dos mercenários de Wagner”, cuja presença em vários países africanos responde em parte, segundo Paris, ao objectivo de controlar as minas de ouro e diamantes.
O embaixador da Rússia na ONU, Vasili Nebenzia, respondeu às alegações, acusando Washington de “raiva anti-russa”. Disse ainda que a intervenção da Rússia é apenas “assistência” e lamentou que Thomas-Greenfield tenha levantando a questão do “apoio russo a parceiros africanos”.
O caso dos mercenários russos surgiu num debate sobre a forma como grupos armados e terroristas se financiam através do tráfico ilícito de recursos naturais africanos, numa sessão convocada pelo Gabão, que preside ao Conselho de Segurança este mês. (DW)
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