A emissora pública Rádio e Televisão de Portugal (RTP) foi banida de cobrir as actividades da Presidência de Angola, por divulgar uma reportagem, alegadamente, tendenciosa.
Na semana passada, no exercício das suas actividades, dois jornalistas creditados da RTP foram expulsos do palácio presidencial em Angola.
A Presidente da Comissão de Carteira e Ética dos jornalistas de Angola, Luísa Rogério, disse que o tipo de expulsão é recorrente, especialmente contra mídias privados que procuram acompanhar a presidência ou o Governo.
“Ter acontecido isto com um meio de comunicação social português… dá visibilidade a algo que vem acontecendo de forma recorrente com os jornalistas angolanos. O próprio Governo vai ter alguma preocupação… porque a mídia portuguesa reagiu, a mídia francesa reagiu, a mídia internacional está a chamar a atenção para este episódio” disse, citada pela RFI. “Apesar de Angola ter subido quatro lugares no ranking dos Repórteres sem Fronteiras, continuamos a ter um país com dificuldades no quesito liberdade de imprensa”.
Não é a primeira vez que o Governo angolano entra em choque com órgãos de comunicação portugueses. Em Março de 2017, o canal de televisão SIC viu a sua emissão suspensa em Angola por transmitir reportagens críticas ao regime. Agora, é a RTP que perde o privilégio de aceder ao Palácio Presidencial, após divulgar uma peça sobre o conflito armado em Cabinda.
“Já tivemos representantes da RTP muito ligados à Casa Presidencial, e esses mantiveram o privilégio”, lembra o jornalista e correspondente da Voz da América em Angola, Coque Mukuta.
“O Governo entendeu que a RTP, em alguns casos, tem estado a sair fora da caixa — por exemplo, contando realidades sobre Cabinda, doenças, problemas de acesso à água. E quando não há alinhamento com a narrativa oficial, isso incomoda”, notou.
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