Rigorosidade dos parceiros atrasa o programa de reconstrução pós-ciclones

As falhas na coordenação, a necessidade de integração de resiliência nos projectos, os procedimentos exigidos pelos parceiros de cooperação e ainda a multiplicidade destes constituem os principais desafios da reconstrução pós-ciclones Idai e Kenneth, que atingiram o centro e norte do país em Março e Abril de 2019, respectivamente.

A explicação foi dada esta quarta-feira pelo director-executivo do Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclones Idai e Kenneth (GRECOP), apontando que 77% dos 1,2 mil milhões de dólares assegurados dos parceiros estão a ser aplicados por diferentes agências e apenas 23% é que se encontram sob gestão directa da instituição.

Luís Paulo Mandlate referiu-se ao deficiente fluxo de informação e articulação, havendo casos em que algumas organizações não-governamentais avançam na construção de casas nas comunidades sem que os desenhos incluam a componente de resiliência, o que mina o futuro dos empreendimentos e a vida dos ocupantes.

Falando num encontro com jornalistas, Mandlate observou que os procedimentos rigorosos para o acesso aos fundos prometidos pelos parceiros alongam e/ou atrasam o avanço efectivo das obras no meio de ansiedade e sofrimento dos afectados, havendo necessidade de algum equilíbrio.

Das 190 mil casas por reconstruir de um universo 290 mil danificadas pelos dois ciclones no centro do país e em Cabo Delgado e Nampula, o Banco Mundial vai financiar as intervenções em 15 mil.

Para o efeito, o GRECOP teve de recorrer ao Instituto Nacional de Estatística, Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos e outras instituições para a definição dos 15 mil agregados beneficiários, em função do grau de vulnerabilidade, se[1]gurança da área em que vivem e outros critérios.

Os 15 mil agregados são da cidade da Beira e distritos de Búzi, Dondo e Nhamatanda, em Sofala, bem como Ibo, Macomia e Quissanga, em Cabo Delgado, os mais afectados pelos ciclones. Fora o Banco Mundial, há outros parceiros que se predispuseram a suportar a reconstrução de seis mil habitações, totalizando 21 mil, para igual número de beneficiários.

As casas deverão estar concluídas até meados de 2024, de acordo com dados avançados por Mandlate.

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