O especialista em relações internacionais e docente da Universidade Joaquim Chissano, Calton Cadeado, considera que a retirada da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique (SAMIM), poderá enfraquecer o combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado, norte do País.
A ministra dos Negócios Estrangeiros, Verónica Macamo, disse no último sábado (23), que a missão militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) vai deixar Moçambique até Julho devido a limitações financeiras.
Entretanto, o analista Calton Cadeado entende que haverá menos uma força de ameaça para os terroristas em Cabo Delgado, que conhecem as fragilidades do Estado moçambicano e vêem nesta retirada da missão da SAMIM “uma oportunidade” para mostrar que têm “campo aberto” para as suas acções terroristas.
Citado pela DW, Calton Cadeado realça que, perante o actual cenário, ainda esperava que a missão fosse renovada, apesar de se saber desde o início que essa missão não ficaria eternamente. “Muitas pessoas esperavam que a missão fosse renovada, tal como nos outros anos”, acrescenta o especialista.
Para o analista, a saída da força da SAMIM pode significar para os insurgentes, a retirada de qualquer tipo de força capaz de os combater.
“À partida, a retirada da SAMIM de Cabo Delgado é uma oportunidade para eles (terroristas) fazerem as acções e mostrarem que têm campo aberto, sobretudo quando se sabe que as Forças Armadas de Defesa de Moçambique não têm a capacidade desejada para poder combater este grupo ou grupos, cuja dimensão ainda não conhecemos”, frisou o especialista em relações internacionais.
A SAMIM foi estabelecida em Julho de 2021 e começou a operar no dia 3 de Setembro do mesmo ano, em resposta à deterioração da situação de segurança na província de Cabo Delgado. A missão é composta por militares, polícias e civis dos Estados-membros da SADC.
A província de Cabo Delgado tem vindo a ser afectada por um conflito desde 2017 que aterroriza as populações.
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