O Albino José Sibia, mais conhecido por “Shottas”, de 30 anos, foi assassinado, no domingo, na vila de Ressano Garcia, província de Maputo, por um agente da Unidade de Intervenção Rápida (UIR). Nesse dia, os camiões do grupo Transporte Carlos Mesquita deviam passar.
O jovem levou tiros pelas costas quando fazia uma transmissão em directo através da plataforma Facebook. Ele transmitia a acção da polícia contra os manifestantes. A UIR usou gás lacrimogénio e balas letais para dispersar a população que estava nas proximidades da fronteira de Ressano Garcia.
“Fui alvejado, pessoal. Estou a morrer”, essas foram as últimas palavras do jovem, antes de ser levado ao hospital da Moamba onde veio a perder a vida horas depois. No mesmo dia a intervenção da Polícia resultou no ferimento de oito pessoas.
As cerimónias fúnebres do jovem ‘blogueiro’ decorrem hoje, no cemitério de Ressano Garcia.
“Perante mais um acto bárbaro e cobarde da PRM, o CDD vai entrar com uma acção contra o Estado pela acção dos seus agentes. O CDD vai lutar até ao fim para que a justiça seja feita para o “Shottas” e para a sua família. Este acto bárbaro e cobarde não deve terminar impune” lê-se no Boletim do Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD).
Afinal, segundo apurou o CDD, a UIR foi destacada de Maputo para a fronteira para assegurar a entrada de camiões do grupo Transporte Carlos Mesquita, pertencentes ao ministro das Obras Públicas e Habitação, Carlos Mesquita.
“Os camiões transportavam cromo para o Porto de Maputo. Há mais de dois meses que o transporte de cromo está vedado na sequência do diferendo entre os moradores da vila e a terminal dos Caminhos de Ferro de Moçambique em Ressano Garcia. É que os moradores, que dizem que encomendaram um estudo, afirmam que o cromo é responsável pela poluição ambiental, incluindo das águas do rio Incomati que abastece a vila. Assim, quando se aperceberam da passagem dos camiões transportando cromo, bloquearam a via. Segundo as nossas fontes, a Polícia local, que tem conhecimento do diferendo, não interveio. Para desbloquear o trânsito, foram destacadas de Maputo três ou quatro viaturas de marca Mahindra, carregadas de agentes da UIR. Foi este grupo de agentes que matou “Shottas” revela o CDD.
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