A Renamo acusa o Presidente da República, Filipe Nyusi, de utilizar meios do Estado moçambicano para tratar assuntos do seu partido. No caso, são as apresentações do Secretário-Geral Interino, Daniel Chapo, como candidato da Frelimo às eleições presidenciais de 09 Outubro.
“Um dos problemas crónicos do nosso país é o atropelo das regras básicas de um processo eleitoral livre, justo e transparente. Exemplo disso é a postura do Presidente da República que, usando recursos do Estado e paralisando as instituições do mesmo Estado, leva à reboque o candidato da Frelimo para apresentações públicas, o que agride a figura de Chefe de Estado que não deve atrelar-se à interesses privados”, disse, hoje, em Maputo, o porta-voz da Renamo, José Manteigas.
O porta-voz entende que as autoridades competentes devem intervir nessa situação para impedir que bens públicos seja utilizados para servir interesses partidários.
“Manifestamos o nosso repúdio pelo uso abusivo dos meios públicos para fins político-partidários e exigimos ao Presidente da República para abster-se dessas práticas que colocam em causa a harmonia social e a convivência plural”, disse.
Entretanto, como que a antecipar essas declarações, na sexta-feira (14), durante a apresentação do candidato presidencial da Frelimo, na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, Nyusi disse que a Frelimo faz tudo ao mesmo tempo. Na ocasião, criticou aos que entendem que ele deveria separar assuntos partidários e assuntos do Estado, demonstrando ser desnecessário fazer viagens, como Pemba-Maputo-Pemba, para tratar de assuntos no ‘mesmo local’.
“A agenda do vosso presidente é em paralelo. Fazer tudo ao mesmo tempo. Com isso, algumas pessoas ficam preocupadas: mas ele faz isso ou quer fazer aquilo, ao mesmo tempo que faz aquilo, porque quer pôr sapato… Os meus sapatos são os mesmos quando estou a governar. São os mesmos quando estou com o meu partido. Como vou fazer? Não tenho como ir para casa mudar sapatos e depois pôr outros”, explicou, notando que “é para eles perceberem que a Frelimo faz tudo ao mesmo tempo, porque o país é grande”.
Recorde-se que, naquele mesmo dia, Nyusi, na qualidade de Presidente da República, procedeu ao encerramento do XII curso de instrução de militares do Serviço Cívico de Moçambique, no Centro de Instrução e Formação de Montepuez. O calçado era o mesmo.
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