Esse “regresso”, que sugere relativa tranquilidade “esconde o deslocamento contínuo nos distritos orientais de Cabo Delgado, de Palma, no norte, a Ancuabe e Chiure no sul, que foram abalados por ataques nas últimas semanas”
A ressurgência terrorista na província de Cabo Delgado provocou a fuga de 11.737 pessoas das suas zonas de origem, entre 02 e 12 de Junho, segundo um relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM). Essas pessoas estão a refugiar-se nos distritos mais a Sul da província e que já começam a ser alvos de ataques.
Isto ocorreu numa altura em que o Governo espalhava a informação de controle da maior das zonas antes devastadas e controladas por terroristas do Estado Islâmico (EI).
Ataques recentes no distrito de Ancuabe reactivaram o terror entre as populações locais e das proximidades. As pessoas colocaram-se em debandada, incluindo a Administradora local, Lúcia Namashulua. Esta depois foi obrigada, pelos seus superiores, a regressar a casa que havia abandonado na sequência dos ataques. A media estatal também divulgou informações de regresso das populações, motivados pelo restabelecimento da ordem pela Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique (SAMIM).
Não so Ancuabe viu o regresso dos “donos da terra”, mas também Mocimboa da Praia. Na semana passada, 123 deslocados de Quitunda, no distrito de Palma, regressaram a Mocímboa da Praia.
Fonte do MZNews diz que esse “regresso”, que sugere relativa tranquilidade “esconde o deslocamento contínuo nos distritos orientais de Cabo Delgado, de Palma, no norte, a Ancuabe e Chiúre no sul, que foram abalados por ataques nas últimas semanas”. O abandono dessas zonas deve-se a persistência dos conflitos em toda a província e os serviços públicos limitados, pelo que o regresso, Mocímboa da Praia e outras zonas “não é garantido”.
Há milhares de pessoas que fugiram de Mocímboa da Praia e Palma a viver num centro de reassentamento na península de Afungi. O Estado espera que um total de 3.556 pessoas voltem a Mocímboa. “Não está claro se as condições ainda são adequadas ou se esse nível de retorno projetado será possível”, e apesar de já haver água e luz não há comércio, escreve a fonte.
Essas pessoas estão numa área essencial para a TotalEnergies continuar a desenvolver o projecto de exploração de gás natural. A multinacional quer retirar as pessoas, mas, por agora, “não é complacente com a situação de segurança na comunidade em geral”.
Ainda no mês passado, o município de Mocímboa da Praia chegou a ameaçar os funcionários públicos para regressarem até 15 de Maio.
“Com as forças moçambicanas, ruandesas e da SADC esticadas pelos eventos a sul [Ancuabe, Chiúre e Mazeze], tanto Palma como Mocímboa da Praia podem ficar expostos”,
“O medo e a fuga causados pelas ações dos insurgentes nos distritos do sul na última quinzena ressaltam a necessidade de cautela sobre o retorno aconselhado pelo presidente Nyusi na última semana de Maio. O sucesso final de regressos de alto perfil, mas muito modestos, como se viu de Palma a Mocímboa da Praia na semana passada, depende da situação de segurança mais ampla. Como vimos nas últimas duas semanas, isso pode mudar rapidamente”, lê-se.
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