Os recentes ataques armados nos distritos de Meluco e Nangade, província de Cabo Delgado, norte do país, provocaram um novo fluxo de deslocados na região, segundo conta o bispo da diocese de Pemba, António Juliasse.
“Temos ainda novos deslocados, devido aos ataques esporádicos que aconteceram em Nangade e Meluco”, a somar às famílias que já tinham sido obrigadas a fugir da violência armada em Cabo Delgado, afirmou Juliasse, à Lusa, recentemente nomeado para o cargo.
Para tal, o líder religioso declarou que a Igreja Católica tem recebido muitos pedidos de apoio humanitário para o novo grupo de famílias obrigadas a fugir dos ataques mais recentes dos grupos armados que actuam na província de Cabo Delgado.
“A igreja tem sido muito solicitada para prestar ajuda”, enfatizou.
António Juliasse alertou para o risco de a crise humanitária em Cabo Delgado ser esquecida perante os progressos registados no combate aos grupos armados que aterrorizam a província desde 2017.
“Há certas zonas em que houve retorno [dos deslocados]”, mas as pessoas ainda precisam de ajuda, porque perderam tudo e ficaram meses sem cultivar a terra, devido aos ataques armados, observou.
“A necessidade de ajuda para Cabo Delgado, para deslocados, ainda é muito grande, e vai ainda levar muito tempo até que a situação de segurança se normalize, até que se acredite que o povo voltou à sua situação normal”, continuou.
Apesar dos avanços na frente militar, prosseguiu, o retorno à segurança em Cabo Delgado continua a exigir uma mobilização geral, principalmente do Governo e da sociedade.
“Há a necessidade de todos nós, como país, encontrarmos segurança para Cabo Delgado. É preciso que encontremos discursos e narrativas de segurança para o país também”, realçou.