Recentemente, poisamos o nosso olhar em rostos de mulheres e crianças, pincelados sem pincel, isto porque a expressão do seu (conflituante) imaginário vê-se estampado nas multicores de capulanas. Sim, uma marca indelével da cultura moçambicana a qual o artista plástico, Mateus Sithole, decidiu aplicar uma ideia, diga-se, eco-consciente.
O que existe para ver é a exposição “Semblantes e Olhares Urbanos”, uma variedade de quadros em exibição no Balcão Premier do Absa Bank, em Maputo, desde a última sexta-feira (30). Para dar vida às obras, o artista recorreu a retalhos descartados de tecido de capulanas, a partir dos quais retrata as vicissitudes das mulheres e crianças moçambicanas.
Sithole contou-nos que a escolha do uso de capulana como uma forma de pintura tem que ver com o facto de “representar diversas culturas do país”, e que optou por evidenciar aqueles dois grupos sociais porque “são os que mais sofrem”.
“Cá na cidade de Maputo encontramos diversas culturas, e, por outro lado, como artista, também tenho a tarefa de me responsabilizar pelo meio ambiente”, disse, vincando que “é possível produzir com o pouco que está disponível em nosso redor”.
Aliás, esse reaproveitamento de material, o recurso a capulana e papel fumado, foi uma luz que surgiu no curso do período de restrições devido a pandemia da covid-19, durante o qual não consegui importar materiais costumeiros para so desenvolvimento da sua arte.
Ao que Mateus Sithole fez constar, a capulana assenta numa base de papel fumado, o que se enquadra na visão do Banco Absa de impulsionar a arte criada com recursos mormente descartáveis.
A exposição, que invade os olhos de todos, até do mais distraído nos seus conflitos pessoais, também nos leva a um novo mundo de percepções. Na verdade, cada uma das pinturas – não costuras – miscigena diferentes temáticas sociais e conflitos do âmago,tal que faz coincidir, ao de leve, o expressionismo e o abstracto.
O artista Mateus Sithole disse que essas viagens constantes de só dois destinos, do pensamento ao sentimento, do social e ao intrínseco, representam a força da mulher moçambicana e o anseio incerto das crinças por um mundo melhor.
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