Um total de 250 mil mulheres, incluindo viúvas do conflito político-militar no centro do país, vão beneficiar de projectos para gerar rendimentos para melhorar seus meios de subsistência, disse esta quinta-feira o embaixador da Itália.
A iniciativa, integrada no programa de Desenvolvimento Local para a Consolidação da Paz em Moçambique (Delpaz), lançada esta quinta-feira, e que vai abranger 500 mil beneficiários das comunidades rurais das províncias de Sofala, Manica e Tete, visa dar “qualidade de vida digna” e eliminar a exclusão social nas zonas devastadas pelo conflito.
“Vamos oferecer a nossa experiência para executar essa componente no projecto Delpaz”, frisou o embaixador de Itália em Maputo, Gianni Bardini, que vai desenvolver um projecto agro-alimentar virado para mulheres.
“Se a pessoa se sente reintegrada e tem uma expectativa de vida digna, a paz vai ser seguramente conseguida”, defendeu Gianni Bardini, insistindo que é preciso garantir condições de desenvolvimento, com emprego para mulheres e jovens, para que a paz seja duradoura.
Por sua vez, o embaixador da União Europeia, António Sánchez-Benedito, que considerou Moçambique como um país prioritário na visão da UE para a estabilidade, disse ser crucial agora “colocar foco na população” afectada pelo conflito, para o seu desenvolvimento, alocando serviços básicos e melhorar a governação local.
“Essa visão integrada da União Europeia para o desenvolvimento é para melhorar condições de vida, sobretudo com um foco nos jovens, mulheres e nas populações mais vulneráveis e desfavorecidas”, disse António Sánchez-Benedito.
A União Europeia e o Governo moçambicano lançaram esta quinta-feira em Gondola, distrito da província de Manica, centro do país, o projecto de Desenvolvimento Local para a Consolidação da Paz (Delpaz), uma iniciativa orçada em 25 milhões de euros e com duração de quatro anos.
O projecto visa “criar condições” para a pacificação, através do financiamento de actividades geradoras de rendimento, melhoria da governação a nível distrital, no âmbito dos apoios às comunidades afectadas pela guerra no centro do país.
Além da União Europeia, que vai financiar o projecto Delpaz, a iniciativa conta com o apoio do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital (UNCDF), da Agência Austríaca de Desenvolvimento e da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento.
A iniciativa faz parte dos apoios da União Europeia à implementação do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, assinado em Agosto de 2019 entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo, oposição), Ossufo Momade.
O Acordo de Paz e Reconciliação Nacional prevê, entre outros aspectos, o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado da Renamo, tendo já abrangido mais de 2 600 guerrilheiros, de um total 5000 membros previstos.
O entendimento foi o terceiro entre o governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Renamo, principal partido de oposição, tendo os três sido assinados na sequência de ciclos de violência armada entre as duas partes, que afectaram principalmente o centro do país.
Agência Lusa