O comandante-geral da polícia apelou neste domingo, a população de Montepuez em Cabo Delgado a intensificar a vigilância, face a delinquentes que se fazem passar por terroristas, criam o pânico nas comunidades circundantes, afugentam as populações e se aproveitam destas situações para roubar os seus bens.
Ao evocar designadamente casos recentes de ataques contra localidades na zona de Miteco, na zona interior de Cabo Delgado, o comandante-geral da polícia, Bernardino Rafael, apelou a população a uma maior vigilância e à sua colaboração para a identificação e responsabilização dos chamados “falsos terroristas”.
“Sejam vigilantes com as pessoas que se estão a aproveitar naquelas aldeias de onde a população foge. Escondem-se à noite, saem das vilas, vão para lá, fazem-se passar por terroristas e queimam casas para roubar. Agora está a existir este fenómeno.
Em Miteco, uma das aldeias, os que foram queimar, são pessoas que saíram das aldeias em Nanjua, das aldeias de Ancuabe (cerca de 100 km a oeste de Pemba). Foram lá queimar e roubaram cabritos lá. Denunciem às autoridades aquelas pessoas que têm más intenções e aquelas que não conhecemos de onde vêm. O importante agora é vigilância, vigilância, vigilância, vigilância”, recomendou o responsável citado pela RFI.
Ao incitar igualmente a juventude local a não aderir aos grupos que aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, com um balanço de 4.000 mortos segundo o projecto de análise de conflitos ACLED e de cerca de 800 mil deslocados internos segundo a Organização Internacional das Migrações (OIM), Bernardino Rafael pediu à população de Montepuez a sua colaboração com as autoridades para neutralizar os grupos criminosos.
Este encontro aconteceu numa altura em que continuam os esforços das tropas moçambicanas, regionais e ruandesas na luta contra os insurgentes na zona norte do país.
Nesta terça-feira, a Comunidade Desenvolvimento da África Austral (SADC) saudou os “grandes progressos” da missão militar que apoia Moçambique no combate aos grupos terroristas activos em Cabo Delgado.
Também hoje, as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique afirmaram ter impedido neste domingo uma incursão rebelde na aldeia de Iba, a quase 50 quilómetros da sede distrital de Meluco.
Na semana passada, o Presidente Filipe Nyusi anunciou que as forças governamentais, com apoio do Ruanda e da SADC, abateram um líder rebelde durante uma ofensiva que culminou com o assalto contra uma base “estratégica” dos insurgentes situada no distrito de Macomia, em Cabo Delgado.
Desde Julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda às quais se juntaram depois contingentes da SADC permitiu recuperar algumas zonas do extremo norte de Cabo Delgado que estavam sob o controlo total dos grupos insurgentes.
Todavia, esta situação fez com que a violência se deslocasse para outros lugares. Após fugirem para outras zonas da província, os rebeldes acabaram por provocar novos ataques em distritos que eram até então considerados como zonas de refúgio.
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