O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) tentou, nos encontros anuais do banco, na semana passada em Acra, afastar suspeitas de má governação que surgiram na imprensa, apelando a participantes e jornalistas que “contem as histórias do banco”.
“Vão para casa e contem as nossas verdadeiras histórias, as histórias do vosso banco, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), um banco que está a quebrar barreiras e a estabelecer novos padrões com humildade”, disse Akinwumi Adesina, na cerimónia final dos encontros, na sexta-feira, e que repetiu depois na conferência de imprensa citado pela Lusa.
O apelo surgiu na sequência de um artigo da revista Economist, de 19 de Maio, que refere que incidentes dos últimos dois anos levantam questões sobre a forma como o banco é gerido e se os fiscalizadores internos têm supervisão suficiente sobre os executivos do banco.
O artigo questiona ainda se o banco mantém a confiança dos seus credores, doadores e acionistas.
Ao longo da semana, Adesina insistiu na ideia de que o BAD é “muito bem gerido”.
“Os nossos conselhos estão a funcionar e são eficientes e rigorosos em cumprir as suas funções de supervisão. A nossa gestão está a funcionar, os nossos sistemas de governação, controlo e supervisão estão a funcionar, os nossos sistemas de gestão de risco estão a funcionar”, disse.
E foi secundado por outros oradores, como o Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, que sublinhou que o BAD é “um banco com reputação banco de reputação global, mantendo, mesmo em tempos difíceis, as suas excelentes classificações AAA, a única instituição financeira africana com classificações de crédito globais AAA”.
Mas foi num encontro com jornalistas que Adesina foi mais contundente, recordando que um inquérito independente realizado por uma empresa de recursos humanos registou 85% de satisfação entre os funcionários do banco.
“As nossas conquistas, gestão excecional, sistemas de boa governação do Banco não podem ser negados ou deturpados com base em inverdades fabricadas externamente, distorções, desinformação e uma campanha de calúnia deliberadamente orquestrada para tentar manchar a nossa imagem”, disse então.
O artigo da Economist refere casos de funcionários do banco com funções de supervisão que terão sido alvo de assédio, intimidação e até vigiados pelo banco, referindo que um deles tem mesmo um processo em curso num tribunal criado pelo banco, mas que funciona de forma independente.
Em 2020, Adesina, político nigeriano que está no cargo desde 2015 e foi reeleito nesse ano, foi acusado por denunciadores de abuso de poder, de favorecer outros nigerianos e de pagar a aliados acima do estipulado, além de usar os recursos do banco para ganhos privados.
Um relatório feito pelo conselho de ética em Abril afastou as suspeitas, mas os Estados Unidos, o segundo maior acionista do BAD, pediu uma revisão do caso por um painel independente.
O painel, liderado pela ex-presidente irlandesa Mary Robinson, acabou por concordar com a decisão do conselho de ética, mas com a nota de que “a falta de provas não significa prova de ausência” e que “não decorre necessariamente do indeferimento de uma reclamação que não haja matérias dignas de investigação”.
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