O Presidente da República, Filipe Nyusi, desvalorizou, hoje, em Maputo, as conclusões do relatório do Ministério da Economia e Finanças (MEF) e aprovado pelo seu actual Governo sobre o aumento dos níveis de pobreza no país durante oito anos dos seus dois mandatos.

Nyusi pôs em xeque o relatório da Estratégia Nacional de Desenvolvimento (ENDE) 2025-2044 quando respondia a uma questão sobre a eficácia desejada dos acordos de cooperação bilateral, incluindo os assinados hoje com o Botsuana, para o desenvolvimento de Moçambique, quando nos últimos dez anos a pobreza aumentou em cerca de 87%.

“Leia também relatórios positivos, vai lhe ajudar a pensar”, começou por apelar Nyusi, para em seguida questionar “qual é o medidor utilizado para se chegar a conclusão que está a dizer”.

De acordo com Nyusi, a noção de pobreza é relativa ao tempo. Exemplificou com o facto de ter nascido em um distrito onde não havia instituições de ensino médio e ter de se deslocar para o centro para continuar os estudos.

“Agora nenhuma criança sai de um único distrito para fazer a escola secundária. Quantos hospitais existem? Mesmo no seu caso, nós não tínhamos um jornalista com a formação que [você] tem. A pobreza é relativa em função do tempo. Qual era a população de Moçambique no passado. E se tivéssemos mantido aquele número da população, com tantos furos e água que fizemos se calhar não haveria pessoas para consumir toda água nem energia”, disse.

O Presidente disse que não são os acordos de cooperação que colocam em causa a pobreza. “Os acordos aqui assinados são exactamente para acabar com a pobreza, porque não existiam”. A ideia é criar condições estruturais para as pessoas saírem da linha da pobreza.

Nyusi referiu que os acordo não devem deixar de ser celebrados simplesmente por haver pobreza. “A pobreza não inibe o ser humano de pensar. E nunca e em nenhum momento se disse que Moçambique já está fora desta crise a que se refere”.

Segundo o Chefe de Estado, a pobreza pode ser avaliada sob vários critérios, não havendo, por isso, países onde exista tudo e não falte o mínimo.

“Não há países onde não há mendigos”, disse.

Filipe Nyusi falava na Presidência da República, em conferência de imprensa, momentos após a reunião com o presidente da República do Botsuana, Mokgweetsi Masisi.

No encontro, os dois estadistas testemunharam a assinatura de sete instrumentos jurídicos de cooperação bilateral entre os representantes dos respectivos governos. Trata-se de protocolos no domínio do combate à corrupção, comércio, protecção social, segurança e ordem pública dos transportes, agricultura e segurança alimentar, comunicação e tecnologias de informação, e transporte de passageiros e mercadorias.