Presidente angolano: “Conflitos em África não podem ser tratados de forma diferente dos da Europa”

Presidente angolano: “Conflitos em África não podem ser tratados de forma diferente dos da Europa”

O Presidente angolano, João Lourenço, alertou, nesta quarta-feira, no seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, que a comunidade internacional corre o risco de ser acusada de estar a dar tratamento diferente, privilegiando o conflito na Europa em detrimento de outros, por estarem no Médio Oriente ou em África.

O governante pediu uma reforma urgente do Conselho de Segurança da ONU e lembrou que África tem feito grandes avanços.

Citado pela VOA, João Lourenço reconheceu que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia “deve merecer toda nossa atenção e premência de se lhe pôr fim imediato, pelos níveis de destruição humana e material que aí se regista, pelo risco de uma escalada para um conflito de grandes proporções à escala global e pela incidência dos seus efeitos nocivos sobre a segurança energética e alimentar”, mas sublinhou que “a comunidade internacional corre o risco de ser acusada de estar a dar tratamento diferente, privilegiado ao conflito na Europa em detrimento de outros, por estarem no Médio Oriente ou em África onde o do Sudão é tão mortífero e destruidor quanto o da Ucrânia”.

No entanto, este conflito no Sudão, segundo Lourenço, “merece menos cobertura dos media internacionais e menor atenção dos grandes centros de decisão sobre a paz e segurança mundial”.

Na sua intervenção, o Presidente angolano destacou o papel do seu país na construção da paz, da harmonia e da reconciliação nacional, para a resolução de conflitos que assolam o continente africano, com especial enfâse para o que ocorre na RDC, “onde acreditamos que se poderá construir uma base de confiança entre os beligerantes”, no entanto, alertou que essas diligências para conter a expansão do terrorismo e outras acções de desestabilização, “implicam custos financeiros que nem sempre os nossos países estão capazes de suportar e que, por isso, podem comprometer o sucesso das operações de pacificação que se levam a cabo e deitar por terra as esperanças que se alimentam à volta desses processos”.

João Lourenço advertiu que, ante os golpes de Estado que se têm assistido, esses novos poderes “não devem ser premiados com a possibilidade de partilharem connosco os mesmos palcos políticos, sob pena de estarmos a passar uma mensagem errada, contrária aos princípios que defendemos”.

Neste aspecto, o chefe do Estado angolano, foi mais longe e afirmou que “cada vez ficamos mais convencidos da existência de uma mão invisível interessada na desestabilização do nosso continente, apenas preocupada com a expansão de sua esfera de influência, que sabemos não trazer as garantias necessárias para o desenvolvimento económico e social dos países africanos”.

Na sua longa intervenção, o Presidente angolano realçou, que nas últimas décadas, África testemunhou transformações que galvanizaram mudanças com impacto nas gerações vindouras.

“Muitos países africanos resolveram conflitos, investiram o que lhes foi possível no desenvolvimento socioeconómico e promoveram a educação dos seus cidadãos, tornando-os mais informados e dispostos a contribuir para o desenvolvimento económico e social dos respectivos países”, continuou Lourenço, destacando ainda que as transições democráticas tornaram-se regulares e as instituições essenciais para a consolidação da democracia mais interventivas e, por isso mesmo, mais capazes de dar sustentação e solidez às conquistas democráticas alcançadas nas nossas nações.

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