PR exige reformas profundas nas FADM

PR exige reformas profundas nas FADM

Presidente da República e Comandante-Chefe das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), Daniel Chapo, lançou um apelo à transformação profunda do sector da Defesa, ao empossar ontem o novo Chefe do Estado-Maior General, o General do Exército Júlio dos Santos Jane.

No seu discurso de ocasião, o Comandante-Chefe das FADM defendeu reformas estruturantes, combate a privilégios indevidos e uma força armada disciplinada, tecnicamente preparada e moralizada.

“Queremos um exército moralizado, em que nenhum integrante se sinta injustiçado”, afirmou, alertando que as FADM devem estar prontas para responder com eficácia às ameaças à soberania nacional, incluindo o terrorismo, crimes transnacionais e subversão da ordem constitucional.

O Chefe do Estado-Maior General agora empossado passa a ocupar o topo da cadeia de comando das FADM num momento que o Presidente Chapo considerou “crítico”, marcado por “ameaças cada vez mais complexas e difusas”.

Referindo-se ao terrorismo, tráfico de drogas e pessoas, cibercriminalidade e manifestações ilegais, o estadista sublinhou que essas ameaças “têm estado a provocar luto nas famílias, destruições de infra-estruturas e a dilacerar a nossa economia”.

O Presidente da República foi peremptório ao exigir um exército capaz de responder com prontidão, bravura e inteligência operacional aos desafios actuais.

“Hoje, mais do que nunca, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique são desafiadas a ter maior capacidade de antecipação e resposta a todo tipo de ameaças à nossa independência nacional”, disse, lembrando os ataques terroristas iniciados em Mocímboa da Praia, em 2017.

O governante apontou falhas internas que, segundo ele, comprometem a eficácia das forças armadas. Criticou a existência de militares que ascendem a patentes sem a devida formação e outros que, apesar de qualificados, “nunca estiveram numa trincheira, excepto durante os treinos”. Considerou esta prática “completamente absurda” e defendeu o fim imediato do que chamou de “costas quentes”.

O Chefe de Estado também recomendou uma avaliação rigorosa da condição física dos militares no activo, propondo a reforma dos que não reúnem condições e o desligamento dos que recebem salários sem exercer funções. “É urgente resolver este assunto ainda este ano”, advertiu, insistindo na moralização das fileiras como pilar essencial para garantir disciplina, lealdade e obediência.

Em relação à logística, o Presidente Chapo foi enfático: “Nenhuma tropa vence guerras sem logística”. Exigiu maior atenção ao fornecimento de munições, alimentação, combustíveis, comunicações e equipamentos essenciais.

Reforçou que a sustentabilidade das operações depende da robustez logística, especialmente em cenários como o de Cabo Delgado, onde classificou o inimigo como “cruel e mutável”.

O estadista desafiou o novo Chefe do Estado-Maior a apresentar resultados concretos no combate ao terrorismo, garantindo uma liderança firme e respeitada pelas tropas.

“A tropa deve saber que têm um Chefe que conhece o teatro de operações, que compreende a dinâmica do conflito e que se faz respeitar”, afirmou, sublinhando que a missão não admite improvisações.

No fim do discurso, o Comandante-Chefe apelou à coesão entre todos os ramos da Defesa e Segurança, ao rigor no recrutamento de novos membros e ao fortalecimento da confiança com o povo moçambicano.

“A liderança das FADM deve ser forte, justa e transformadora. O povo quer paz, segurança e estabilidade para trabalhar à vontade e desenvolver este Moçambique”, concluiu.

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