Portugal vai propor em Bruxelas uma “alteração ao mandato” da formação da União Europeia (UE) às Forças Armadas de Moçambique, face à saída da missão internacional de combate ao terrorismo em Cabo Delgado, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros português, citado pelo jornal Notícias.
“Com a experiência que adquirimos e também com a mudança da realidade, em função da saída das tropas da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral], vamos propor uma renovação do mandato da formação da União Europeia e uma alteração a esse mandato para ser um pouco mais abrangente e para que tenha lições aprendidas da experiência das tropas formadas pela União Europeia no combate no norte de Moçambique. Portanto, adaptar um pouco a formação à realidade encontrada”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros português, que se encontra Kigali em visita oficial.
João Gomes Cravinho que salientou que o Ruanda, “é um parceiro muito importante” para Portugal, “um país que presta muita atenção ao continente africano”, e “um protagonista de primeira importância” em cenários onde militares portugueses estão empenhados, como Moçambique e República Centro-Africana (RCA).
O Ruanda tem desde Julho de 2021 uma força militar autónoma destacada em Cabo Delgado, no combate aos grupos terroristas que actuam no Norte do país, operando em conjunto com as Forças Armadas de Defesa de Moçambique. Juntaram-se ainda a estas operações militares países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), através da SAMIM, cuja missão deverá terminar em Junho.
“A SAMIM já começou a fazer as operações de retirada e em Junho já terá saído do teatro, o que deixa um certo vazio e, portanto, um dos temas da nossa conversa foi precisamente como apoiar Moçambique a evitar que esse vazio seja aproveitado por forças terroristas em Cabo Delgado”, disse Gomes Cravinho na mesma publicação.
Portugal assumiu o comando da Missão de Treino da UE em Moçambique (EUTM-MOZ), iniciada em Setembro de 2022 e com um mandato de dois anos. A actual missão é constituída por um contingente de 117 pessoas, 65 das quais portuguesas.
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