Portugal avança para quarta fase de cooperação na Ilha de Moçambique

Portugal vai avançar para uma quarta fase do ‘cluster’ de cooperação da Ilha de Moçambique, um conjunto de projectos amplo, da educação e apoio social ao turismo, para apoiar o desenvolvimento do município histórico, segundo fonte oficial.

“O nosso objectivo é passar à quarta fase desse ‘cluster’ (conjunto de projetos) da cooperação”, num trabalho “conjunto com as autoridades moçambicanas”, disse à Lusa o secretário dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André.

Trata-se da ilha onde o descobridor português Vasco da Gama chegou há 525 anos, a caminho da Índia, e onde nasceu a primeira capital do país.

Está situada na província de Nampula e ligada ao continente através de uma ponte de três de quilómetros.

A Ilha foi declarada Património Mundial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 1991 com muito património edificado (mas a pedir requalificação) numa metade da ilha e bairros precários na outra, reflexo da situação de pobreza da maioria dos residentes.

“Este ‘cluster’ tem ajudado a renovar o património e, sobretudo, tem permitido o desenvolvimento económico e social da população”, representando “uma marca distintiva”, um tipo de intervenção integrada que a cooperação portuguesa não tem “em mais nenhuma parte do mundo”, destacou Francisco André.

Um exemplo de referência no diálogo de Portugal com outros países e que as autoridades locais avaliam “como um sucesso”, acrescentou.

Agora que entrou no último ano da terceira fase, decorre uma avaliação para os dois países planearem a próxima etapa, que nunca terá menos de quatro anos, “porque estes projetos precisam de tempo para demonstrar os seus resultados”.

“O nosso objetivo é que até ao final do ano e também ao abrigo do nosso Programa Estratégico de Cooperação, possamos entrar numa nova fase, verificar se mantemos ou adicionamos setores de atuação e se podemos aumentar o volume financeiro”, detalhou Francisco André.

O ‘cluster’ da Ilha de Moçambique foi lançado pela cooperação portuguesa com as autoridades moçambicanas em 2011 e já foi financiado com um total de sete milhões de euros, dos quais 73% desembolsados pelo Camões, Instituto da Cooperação e da Língua.

A terceira fase (2019-2023) representa cerca de metade do financiamento total e apoia seis componentes distintos, com uma forte aposta na educação e formação.

O apoio ao ensino pré-escolar é o que recebe a maior fatia, seguindo-se o reforço educativo e formativo do Instituto Médio Politécnico da Ilha de Moçambique (IMPIM).

Nesta instituição está na fase final de instalação “um laboratório de cozinha”, parte de uma estratégia de investimento em equipamentos e materiais nas áreas da Hotelaria e Turismo.

Outro componente estrutural da cooperação portuguesa na Ilha é o apoio institucional e de desenvolvimento ao município, com projectos para promover o turismo, desenvolver o urbanismo e resolver problemas de falta de saneamento.

O ‘cluster’ beneficia ainda o Gabinete de Conservação da Ilha de Moçambique (GACIM) e também um pacote de ações sociais, de empreendedorismo e capacitação da sociedade civil que incluem promoção da literacia, artes e ofícios tradicionais.

A próxima fase vai resultar “de um diálogo bem articulado entre Moçambique e Portugal”, destacou o secretário dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.

“Moçambique indica quais são os objetivos e, fruto desse diálogo, estabelecemos as metas e os mecanismos de execução para os poder atingir”, concluiu. (Lusa)

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