O presidente da Associação Médica de Moçambique (AMM), Napoleão Viola, disse, ontem, a possibilidade “clarividente” de que a força policial destacada para repelir as manifestações no país disparou com intenções de ceifar vidas dos manifestantes.
Esta é a “conclusão” de uma leitura técnica dos médicos após testemunharem a entrada de pacientes feridos por balas de armas de fogo e perda de vida em unidades hospitalares.
“De acordo com as lesões, os locais onde as lesões são desferidas, é possível, claramente, de ter uma ideia de qual era a intenção. Se era a intenção de, unicamente, imobilizar o cidadão, ou se era a intenção clara de tirar a vida ao cidadão. A maioria dos casos, estamos a falar desses dez casos, eram lesões que pela sua posição e a forma como foram produzidos dão-nos a entender que havia, muito provavelmente, uma intenção clara de ceifar a vida, retirar a vida desses cidadãos” referiu.
No balanço das ocorrências de 18 a 26 de Outubro, em que se verificaram greves generalizadas, a AMM e a Ordem dos Médicos de Moçambique contabilizaram 73 feridos com armas de fogo e dez óbitos, disse o bastonário da Ordem, Gilberto Manhiça.
Segundo os médicos, os números são apenas dos casos que deram entrada nas unidades hospitalares, pelo que, se compreende que a situação pode ser mais gravosa.
Manhiça mostrou-se preocupado com a situação e alertou para a possibilidade de o sistema nacional de saúde colapsar.
Neste sentido, “existe a ideia de criar um sistema de apoio, onde teremos pontos focais espalhados pelo país que orientem as vítimas e os seus familiares para onde se devem e como dirigir de modo a ter a sua situação atendida”.
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