A escritora Paulina Chiziane considera que, um dos maiores desafios do país, é usar o conhecimento para recuperar conquistas importantes como a liberdade, dignidade e humanidade que na sua opinião estão a perder-se.
A mais acarinhada das autoras moçambicanas recebeu ontem na Universidade Pedagógica de Maputo o título de Doutora Honoris Causa em estudos artísticos, culturais e literatura, numa cerimónia concorrida que teve lugar no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano.
A romancista disse ao jornal Notícias, ao aceitar o título honorífico, que sonha ver no país os frutos da luta que os moçambicanos empreenderam contra males como o colonialismo e a escravatura, que na sua opinião andam ofuscados.
Referiu que apostar no conhecimento é uma das formas de inverter este cenário e que esse saber deve ser construído localmente e devidamente aplicado. “Se não sabes quem és e para onde vais, terás uma liberdade perdida. Se tu não crias o teu próprio conhecimento e saber e estás à espera que o outro venha dar-te, ele o fará quando o quiser”, alertou.
Segundo a escritora, aqui podem ser encontradas algumas respostas sobre o sub-desenvolvimento de Moçambique. “Temos de chamar não sei quem para vir fazer estradas, casa e até vala de drenagem. Afinal estão a estudar para quê?”, questionou.
No seu entender, a universidade deve cultivar nos estudantes o espírito de independência em todos os sentidos.
“É bom despertar esta consciência e não pensar que estou mal porque não me deram emprego. Desenvolva o teu poder interior e crie o teu próprio emprego. A universidade dá ferramentas, o resto é o teu poder que deve resolver”, aconselhou, considerando que todos os tempos têm obstáculos e o maior da actual geração de moçambicanos “é recuperar a liberdade e dignidade e humanidade” perdidas.
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