Patrão expulsa trabalhador por ter casa incompatível com o salário. Agora quer apoderar-se casa

Patrão expulsa trabalhador por ter casa incompatível com o salário. Agora quer apoderar-se casa
  • Construiu “a casa dos sonhos” a receber 15 mil meticais ao mês
  • O patrão não acreditou na astúcia do homem e bolou um esquema manhoso para reverter a titularidade da propriedade a seu favor

Um cidadão paquistanês, proprietário de uma loja de venda de electrónicos, demitiu um dos seus funcionários por ter construído uma casa incompatível com seu ordenado mensal, no distrito de Marracuene, província de Maputo.

Em entrevista à TV Sucesso, Mateus Vilanculo contou que trabalhou por 12 anos, sem férias. Por longos anos vivia com a esposa em casa arrendada. Para aumentar o salário de 15 mil meticais, fazia boladas nas redes socia​is. Juntou dinheiro para comprar material da casa antes de adquirir terreno onde ia construir. A construção da casa foi vivenciada pela liderança e vizinhança do bairro. Certo dia deu uma festa. O patrão viu fotos e vídeos. Não acreditou no que o seu colaborador poderia ter uma casa digna.

O patrão de Mateus Vilanculo o acusou de roubo de mais de 600 mil meticais do caixa da empresa de electrónicos. Vilanculo foi detido e encarcerado por vários dias, na 7ª esquadra da cidade de Maputo. A pressão psicológica o inquietava e pensou em suicidar-se. Na esquadra, foi-lhe dito que para sair deveria pagar 12 mil meticais. Disse que tinha cinco mil meticais. O valor foi recusado. Do nada o patrão lhe fez chegar um documento já autenticado no qual deveria assinar. A sua soltura dependia da sua assinatura. Na época a sua esposa estava grávida de oito meses. Sofre pressão psicológica. Foi-lhe dito que, se não pagasse os mais de 600 mil meticais, ficaria preso e que sua mulher colocaria outro homem dentro de casa. Atónito pela situação em que se encontrava, assinou o documento sem o ler.  O documento passava a titularidade da casa ao patrão paquistanês.

O caso remonta há cerca de dois anos. Nessa época Mateus foi solto e readmitido ao mesmo posto de trabalho. Questionou ao patrão sobre o que se sucede​u. O patrão disse, “deixa passar, você é homem e vai entender”.

Os anos se passaram. Mateus Vilanculo foi detido outras tantas vezes. Na última detenção pagou 45 mil meticais para ser solto.

Entretanto, o patrão viu fotos recentes do seu funcionário e sua esposa onde é possível vislumbrar a casa onde residem. Retomou a perseguição. Este ano, Mateus Vilanculo não recebeu todos os salários. A esposa o disse para demitir-se porque não tinha proveito algum para trabalhar sem receber.

O ex-patrão contactou Mateus Vilanculo e questionou: “ainda está aí”?

Mateus Vilanculo recebeu uma ordem judicial de despejo, para abandonar a casa hoje, sexta-feira. Contratou um advogado para o ajudar a resolver a “burla”, mas…. Mateus Vilanculo está embrulhado em dívidas contraídas junto de familiares e vizinhos para pagar os honorários do advogado.

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