O Governo dos Países Baixos vai financiar com quatro milhões de euros a manutenção das infra-estruturas geridas pelo Serviço Autónomo de Saneamento da Beira (SASB), centro de Moçambique, permitindo diminuir as inundações. A informação foi anunciada nesta quinta-feira, pela coordenadora do projecto.

“Percebi o quão é importante a protecção costeira na cidade da Beira. O SASB está a fazer um trabalho importante para o saneamento aqui na cidade, é muito importante termos a manutenção, porque muitas das vezes há falta destes projectos. Então, quando temos a manutenção, estamos a garantir infraestruturas de qualidade”, afirmou Michelle Van Realte.

Citada pela Lusa, a também representante das autoridades neerlandesas falava aos jornalistas depois da assinatura do memorando de entendimento com o conselho autárquico da Beira, cidade afectada por inundações em sucessivos ciclones, e avançou que além deste apoio à manutenção e operacionalização do sistema de valas de drenagem, vai contemplar o arranque do projecto-piloto das valas terciárias com duração de quatro anos, diminuindo as inundações nas comunidades, além da recolha dos resíduos sólidos próximo às valas e preservação dos sistemas de drenagem.

“Vamos trabalhar com o município da Beira neste projecto, mas também com o SASB no que diz respeito à manutenção e operacionalização. Vamos trabalhar na gestão das valas de drenagens. Como pude ver em alguns bairros desta cidade, tem o problema de gestão de resíduos sólidos”, frisou.

Entretanto, decorrem actualmente estudos técnicos para o arranque desta obra, envolvendo a construção de valas terciárias e da segunda fase da empreitada de manutenção e ampliação das valas de drenagens e da construção da segunda bacia de retenção de águas fluviais da cidade da Beira, com financiamento igualmente garantido pelos Países Baixos.

O Governo neerlandês já tinha anunciado anteriormente um financiamento de 30 milhões de dólares para a construção de infraestruturas de protecção costeira, na cidade da Beira, província de Sofala.

“Com o acordo que assinamos hoje (ontem), vamos ter que dizer que em todos os projectos investidos na Beira deve ser quebrado o fenómeno de construir, negligenciar e voltar a ir à procura de fundos para voltar a reconstruir”, afirmou o autarca Albano Carige, presidente do município da Beira.

O autarca da Beira disse ainda que é preciso mudar o cenário de construir e não fazer manutenção das infraestruturas erguidas, de forma a garantir a longevidade das mesmas.

As autoridades moçambicanas vão avançar com a reabilitação do sistema de drenagem de águas pluviais da Beira, no âmbito da recuperação das consequências dos ciclones Idai e Kenneth, conforme concurso público internacional aberto até final de Agosto.

Segundo o edital da empreitada, noticiado em Julho pela Lusa, trata-se da segunda fase dos trabalhos, ao abrigo do projecto de recuperação de emergência e resiliência lançado após os dois ciclones e que conta com financiamento do Banco Mundial e do Governo dos Países Baixos, globalmente, em 120 milhões de dólares.