Países africanos investem fortunas em espionagem interna e externa

Países africanos investem fortunas em espionagem interna e externa

Um novo relatório do Instituto de Estudos de Desenvolvimento revela que seis países africanos investem actualmente milhares de dólares em tecnologias de vigilância para espionar activistas, concorrentes de negócios, jornalistas e outros governos.

O documento publicado a 21 de Outubro indica Nigéria como o Estado que mais gastos realiza, tendo investido mais de 127 milhões de dólares em actividades e equipamentos relacionados à vigilância em 2017. O Egipto, Quénia, Senegal, África do Sul e Sudão também fizeram investimentos significativos em tecnologia de vigilância, segundo o relatório.

O relatório “Lei de Vigilância na África: Uma Revisão de Seis Países” acrescenta que apesar das leis que visam garantir o direito à privacidade de comunicação e correspondência, a intercepção de sinal da Internet, a vigilância de cidadãos e a espionagem na Internet ocorrem muitas vezes.

“Os direitos de privacidade na África são muito bem garantidos na maioria dos países”, disse Tony Roberts, um dos co-autores do estudo. “No entanto, através dessas tecnologias de vigilância, os governos violam esses direitos”.

Com a vigilância em massa, em violação directa dos direitos constitucionais dos cidadãos e das leis de vigilância, as protecções legais existentes precisam de ser fortalecidas e os cidadãos estar preparados para responsabilizar os governos.

O Egipto é apontado como um dos países com as leis de protecção à privacidade mais fracas. Sem um órgão de supervisão independente, o estado é o único “juiz, júri e regulador”, diz o relatório.

“Para fazer com que os governos valorizem e respeitem a legislação que existe, é importante que o público esteja ciente dos direitos que eles têm”, disse Roberts.

Para essas nações, a segurança nacional e os interesses económicos são as justificativas mais frequentes para ampliar seu poder de vigilância, muitas vezes em violação dos direitos à privacidade de cidadãos e organizações da sociedade civil.

O estudo surge em meio a preocupações com o “aumento da vigilância” digital à medida que as tecnologias se tornam mais sofisticadas.

Muitos governos expandiram seus poderes de vigilância e acesso a dados pessoais durante a Covid-19.

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