Oxford Economics: Recente descida do rating de Moçambique mostra que o crédito ainda tem “um risco substancial”

Oxford Economics: Recente descida do rating de Moçambique mostra que o crédito ainda tem “um risco substancial”

A recente descida do rating de Moçambique pela Standard & Poor’s mostra que o crédito do país ainda tem “um risco substancial” devido à dívida e à má governação, entre outros, considerou ontem a consultora Oxford Economics Africa.

O analistas da Oxford Economics Africa, citados pela Lusa, escrevem que: “apesar de o rating de Moçambique ter recuperado, de alguma forma, dos níveis de Incumprimento Financeiro da S&P e da Fitch, no seguimento do escândalo das dívidas ocultas, em 2016, o país ainda tem um substancial risco de crédito; isto é devido ao elevado nível de dívida pública, acima de 100% do PIB, custos extremamente elevados para servir a dívida, fragilidades por resolver nas empresas públicas relacionadas com o escândalo das dívidas ocultas, maus indicadores de governação e a insurgência em Cabo Delgado”.

Recorde-se que um comentário à recente descida do ‘rating’ para as emissões em moeda local, pela S&P, na semana passada, o departamento africano da Oxford Economics salienta ainda que “o governo enfrenta elevadas pressões de despesa devido à falta de desenvolvimento e à crise humanitária causada pelos desastres climáticos, doenças como a cólera ou a malária, e o conflito violento, que limita a capacidade de servir a dívida”.

Segundo a análise da Oxford Economics, “se houver mais atrasos nos próximos 12 meses nos projectos de gás natural em Cabo Delgado, isso resultará provavelmente numa descida do rating”, mas salienta que esse não é o cenário mais provável.

O cenário base, para estes analistas, é que os projectos de gás sejam retomados no segundo semestre deste ano e que “haja um aumento massivo das exportações a partir de 2027, o que dará algum alívio às finanças públicas e ajudará Moçambique a evitar um ‘default'”.

Na semana passada, a S&P desceu o rating das emissões de dívida em moeda local para ‘default’, durante 24 horas, para reflectir os atrasos nos pagamentos que existiram entre Fevereiro e Maio, e depois tirou o rating do nível de default, deixando-o um nível abaixo do que estava antes de cair para ‘default’.

De acordo com o director dos rating soberanos da S&P, Ravi Bathia, a descida para SD foi um sinal enviado aos investidores por uma questão de transparência, para assinalar que Moçambique atrasou-se nos prazos de pagamentos da dívida interna entre Fevereiro e maio, mas que a situação já está resolvida.

“Subsequentemente, Moçambique resolveu a questão e estão a pagar dentro do período devido, vemos o problema resolvido, e por isso voltámos a tirá-los do ‘default’, mas devido às pressões sobre o sistema financeiro e a pressões inflacionárias e de despesas pública, colocámos o ‘rating’ para emissões em moeda local em CCC+ porque ainda consideramos que subsistem dificuldades, que Moçambique está a resolver, e numa posição melhor, e é por isso que melhorámos o rating”, acrescentou o director da S&P.

Moçambique viu assim a análise da S&P sobre as emissões soberanas domésticas piorada em um nível, de B- para CCC+, mas manteve inalterado o ‘rating’ relativo às emissões internacionais, nomeadamente os Eurobonds, sobre os quais não houve qualquer atraso, mantendo-se, por isso, em CCC+/C.

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