“Segredo dos Deuses”, o antigo Ministro das Finanças, Manuel Chang, devolveu sete milhões de dólares que recebeu de subornos do Grupo Privinvest para viabilizar projectos da Ematum MAM e ProIndicus há algum tempo, segundo o Governador do Banco de Moçambique. O dinheiro está na instituição.
Rogério Zandamela disse, esta quarta-feira (31), que o referido valor de subornos no escândalo das Dívida Ocultas está nos cofres do Banco Central há mais de um ano, não sendo, por isso, um assunto novo para a instituição. Entende-se, assim, que o BM manteve oculta esta informação para a população moçambicana. Aliás, a sociedade civil há muito que critica o facto de as instituições nacionais adoptarem metodologias estranhas de comunicação de dados essenciais para os moçambicanos. Neste caso em específico, a população moçambicana apenas soube da devolução de sete milhões de dólares com a a divulgação da sentença de Londres.
“[O dinheiro] está connosco, não está na banca comercial. Já há muito tempo. Está-se a falar agora. Mas está connosco. Está depositado no Banco. Não está na banca comercial, está depositado no Banco de Moçambique”, revelou, frisando que foi antes da pandemia da covid-19. “”
O Governador explicou que a informação não foi antes revelada porque não houve autorização para tal, podendo constituir um caso de ilegalidade.
“Neste momento revelaram, então, neste momento, eu posso confirmar. Sim é verdade”, disse, notando que não é papel do banco avançar esse tipo de informação. “A lei do sigilo bancário não me permite”.
Neste sentido, Chang poderá ter devolvido os valores estando já encarcerado. Ele foi detido na África do Sul, a caminho do Dubai, onde ia desfrutar das férias, no ano de 2018. Em Julho de 2023, foi extraditado para os Estados Unidos da América, onde já está a ser julgado.
O Governador, que falava na conferência de imprensa para dar a conhecer as decisões do Comité de Política Monetária, esquivou-se de comentar sobre outros valores recuperados pelo Estado de outros arguidos no âmbito das Dívidas Ocultas.
Por outro lado, o titular do Banco Central entende que é momento de o país regozijar-se da decisão do Tribunal de Londres em condenar a Privinvest a pagar mais de 1,9 mil milhões de dólares e juros. Mas também disse que agora é só esperar que o valor caia nos cofres do Estado.
“É momento de celebração. Desejar que tudo corra bem. Não há nada fácil. Não se desenvolve um país com coisas fáceis. Vamos celebrar com boa-fé que esse dinheiro vai entrar no país. Temos de estar orgulhosos daquilo que conquistamos. Temos de parar com essa história de que as boas coisas acontecem por sorte e as más coisas é porque somos incompetentes. As boas coisas também são resultado de esforços, de sacrifícios, de luta”, disse. (BM)
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