As organizações Amnistia Internacional e Human Rights Watch apelaram esta quinta-feira a que as partes em conflito na Ucrânia respeitem os direitos humanos e cumpram as suas obrigações de direito internacional, nomeadamente protegendo vidas e bens civis.
“Na sequência do ataque da Rússia à Ucrânia esta manhã, a Amnistia Internacional apela ao respeito inequívoco dos direitos humanos e ao cumprimento do direito internacional humanitário” e “relembra que as vidas de civis, as suas casas e as infraestruturas devem ser protegidas a todo o custo”, refere a organização em comunicado divulgado esta quinta-feira e citado pela Lusa.
Também o director executivo da Human Rights Watch (HRW), Kenneth Roth, lamentou a “declaração de guerra contra a Ucrânia” feita hoje pelo Presidente russo, Vladimir Putin, sublinhando existirem “obrigações de direito internacional” que têm de ser cumpridas.
“Com novos pormenores sobre o que se está a passar no terreno a surgirem a cada minuto, a comunidade internacional está a lutar para encontrar maneiras de responder e a Human Rights Watch, que já cobre esta guerra há oito anos (…) realça que há vários caminhos na Justiça para quaisquer crimes de guerra e crimes contra a humanidade”, escreveu Kenneth Roth na rede social Twitter.
“Os nossos maiores medos concretizaram-se”, admitiu, por sua vez a secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard.
“Após semanas de escalada [do conflito, começou] uma invasão russa que provavelmente terá consequências horríveis para vidas humanas e direitos humanos”, disse.
Referindo já ter começado a receber relatos de uso indiscriminado de armas pelo exército russo, a Amnistia Internacional reiterou o apelo para que todas as partes protejam “vidas civis, casas e infraestruturas” e permitam “o acesso de agências humanitárias para prestar assistência a civis afetados pelas hostilidades”.
A Rússia invadiu, esta quinta-feira de madrugada, a Ucrânia, fazendo ataques aéreos em todo o país, incluindo na capital, Kiev, e avançando com forças terrestres em três frentes: a partir do norte, do leste e do sul do país.
A invasão foi explicada pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin, com a necessidade de proteger civis de etnia russa nas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, que reconheceu como independentes na segunda-feira.
Depois do reconhecimento, Putin autorizou o exército russo a enviar uma força de “manutenção da paz” para Donetsk e Lugansk, referindo, na quarta-feira, que os líderes das autoproclamadas repúblicas separatistas pró-Rússia tinham pedido ajuda para “repelir a agressão” dos militares ucranianos.
O Ocidente acusa Moscovo de quebrar os Acordos de Minsk, assinados por Kiev e pelos separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk, sob a égide da Alemanha, França e Rússia.