ONU: Moçambique quer debate amplo sobre a crise climática no Conselho de Segurança

ONU: Moçambique quer debate amplo sobre a crise climática no Conselho de Segurança

A Ministra dos Negócios Estrangeiros pede prevenção de desastres climáticos no mesmo tom que gestão de crises; piora da situação das inundações na capital e província de Maputo já causou nove mortos e afectou mais de 40 mil pessoas.

Maputo, vive enchentes fatais que desde domingo arrasaram grandes extensões da área e deslocaram dezenas de milhares de pessoas. As autoridades esperam mais duas semanas de fortes chuvas na principal cidade do país e arredores.

Numa vista às Nações Unidas, em Nova Iorque, a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo, disse à ONU News que o debate de questões do clima deve ser maior no Conselho de Segurança. Em Março, Moçambique assumirá a presidência rotativa do órgão.

“As mudanças climáticas estão a criar-nos problemas cada vez mais graves. As pessoas ficam numa situação de insegurança. Depois, acontecem problemas concretos como esses que temos em Maputo. Quando olhamos para a população, estamos a olhar para pessoas que durante anos fizeram grande esforço para elevar a qualidade de vida. Hoje estão sem nada e dependentes. É uma situação muito sensível e delicada.”

Para a chefe da diplomacia moçambicana, a realidade actual em Maputo é um argumento que justifica ter as mudanças climáticas em maior evidência no debate global sobre a paz e a segurança.

“Falamos das pessoas que estão afectadas: são cerca de 40 mil. Falamos de nove óbitos que infelizmente aconteceram, mas falamos também da destruição de infraestruturas. Esse assunto é sensível e tem que ser encarado pelo Conselho de Segurança como tal, ou seja, temos que passar, como Conselho de Segurança, da gestão de problemas que acontecem no âmbito de segurança para começar a prevenir.”

A ministra de Moçambique diz acreditar que o apoio às infraestruturas de países afectados pelas alterações do clima seja determinante para a mitigação e prevenção. E reiterou a necessidade de solidariedade.

“O mundo precisa ser solidário com os moçambicanos. Afinal é uma situação que não é provocada por Moçambique. Sabemos que os maiores poluidores não são os africanos, muito menos os moçambicanos. Aquele fenómeno tem que ser encarado pela comunidade internacional. Temos que ter ajuda. A ajuda tem que começar por dentro. Felizmente temos um povo muito solidário: cada um olha por si e pelos outros concidadãos. O mundo tem que encarar esse fenómeno e solidarizar-se com Moçambique. Por isso até trazemos os números. Mais do que isso temos que começar a ter recursos, como país, para as questões de mitigação. Para termos infraestruturas capazes de efectivamente segurar, de certa forma, as águas.”

A capital Moçambicana está entre 13 cidades do mundo que enfrentarão sérios impactos da subida dos níveis das águas do mar com um aumento da temperatura global.

Partilhar este artigo

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.