Até 650 mil crianças e as suas famílias estão em perigo depois de o ciclone ter devastado o norte de Moçambique, alerta a Save the Children, uma organização não governamental que defende os direitos da criança.
O ciclone chido chegou à costa entre o distrito de Mecufi, na província de Cabo Delgado, e o distrito de Memba, na província de Nampula, durante a madrugada de domingo.
O ciclone de categoria 3 trouxe chuvas extremamente fortes, com previsões de 250mm em apenas 24 horas, e rajadas de vento que chegaram aos 260km/h, indica em comunicado que o MZNews teve acesso a ONG.
De acordo com a ONG, os maiores danos deverão ocorrer em Pemba, Metuge, Mecufi e Chiure, em Cabo Delgado, e em Memba e Erati, em Nampula – áreas habitadas por comunidades vulneráveis que já enfrentam níveis elevados de privação.
A Diretora Nacional da Save the Children em Moçambique, Ilaria Manunza, afirmou que “o Ciclone Chido é uma catástrofe para as crianças no norte de Moçambique. Elas correm o risco de perder as suas casas, serem separadas das suas famílias e ver o acesso à água, saneamento, cuidados de saúde e educação extremamente limitados. Esta tempestade é mais um exemplo de condições climáticas extremas a devastarem uma comunidade já vulnerável, dilacerada pelo conflito e mergulhada na pobreza.”
A Save the Children está a preparar equipas e recursos para apoiar aqueles que foram mais afectados, como parte de uma resposta urgente e multidimensional.
“Enquanto os danos são avaliados pelo Governo e pela comunidade humanitária, a Save the Children está a preparar-se para apoiar as comunidades afectadas com kits de sobrevivência e outros artigos essenciais, em coordenação com outras agências”, indica o documento.
As equipas da organização, que já estão presentes na maioria das áreas mais atingidas, também vão priorizar o estabelecimento de sistemas e serviços para proteger as crianças e apoiar a renovação das escolas danificadas. As crianças no norte de Moçambique enfrentam já diversas vulnerabilidades significativas.
Os conflitos em curso resultaram em deslocações em larga escala e infraestrutura enfraquecida, dificultando o acesso a serviços básicos como água, educação, saneamento e saúde.
A desnutrição também é uma preocupação crítica, com muitas crianças a sofrerem de insegurança alimentar.
Os ciclones e outros eventos climáticos extremos representam uma ameaça adicional, destruindo casas, contaminando fontes de água e interrompendo o acesso à ajuda humanitária.
As localizações costeiras de Nampula e Cabo Delgado, com as suas infraestruturas frágeis, tornam estas regiões particularmente vulneráveis a tempestades.
Vale lembrar que nos últimos cinco anos, Moçambique foi atingido por outros três ciclones: Idai, em março de 2019, Kenneth apenas um mês depois, e Freddy, em fevereiro do ano passado, que resultaram em mais de 1.100 mortes e danos no valor de milhares de milhões de dólares.
A Save the Children trabalha em Moçambique desde 1986, fornecendo apoio às crianças através de programas de desenvolvimento e ajuda humanitária. A organização colabora com comunidades, parceiros locais e o governo para conceber e implementar programas que respondam às necessidades das crianças mais desfavorecidas.
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