Números de pessoas em insegurança alimentar em Moçambique continua a “dar de falar” e não reúnem consensos

O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural diz que mais de 16 milhões de moçambicanos têm a sua segurança alimentar garantida, mas não há consenso sobre esse número por existir ainda uma percentagem significativa da população extremamente vulnerável à insegurança alimentar crónica e aguda.

Celso Correia, ao falar na apresentação dos resultados da avaliação da segurança alimentar pós-colheita-2022, em Maputo, reconhece que cerca de um milhão de moçambicanos necessitam de ajuda alimentar urgente.

O governante, aparentemente, reagindo a críticas de algumas organizações da sociedade civil, por ter afirmado, em Roma, que mais de 90% dos moçambicanos têm três refeições por dia, destacou que mais de 16 milhões de pessoas têm a sua segurança alimentar garantida.

Entretanto, Mariam Abbas, coordenadora do pelouro de Segurança Alimentar na Organização Observatório do Meio Rural (OMR), disse à VOA, que existe ainda uma percentagem significativa da população moçambicana vulnerável à insegurança alimentar crónica e aguda.

Para além disso, Abbas questiona se as políticas públicas actuais promovem uma dieta e refeições que sejam nutricional mente adequadas e suficientes em qualidade e quantidade.

“Será que estas políticas permitem resolver o problema da fome em Moçambique?”, interroga-se Mariam Abbas.

Para aquela activista social, os elevados índices de pobreza, desnutrição crónica e insegurança alimentar associados aos desequilíbrios económicos e sociais, que culminam nos baixos níveis de rendimento per capita e de desenvolvimento humano, revelam que não.

Ela anota que de uma forma geral, as políticas públicas actuais, em particular as do sector da agricultura, têm se revelado desajustadas e excludentes, ou seja, não adaptadas ao contexto e realidade local, acrescentando que estas políticas têm beneficiado maioritariamente as elites económicas, visando responder aos interesses económicos privados, das elites económicas e dos mercados externos, que não têm como objectivo resolver o problema da fome e da insegurança alimentar.

Mariam Abbas enfatiza que a busca pela melhoria da segurança alimentar no pais passa pela existência de políticas publicas orientadas para o mercado interno, adaptado as necessidades locais, que tenham o pequeno camponês como beneficiário principal da política e sejam baseadas nos princípios da soberania alimentar.

Refira-se que durante a apresentação dos resultados da avaliação da segurança alimentar pós-colheita 2022, Celso Correia acusou a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), da activista social e antiga primeira dama Graça Machel, de pretender perpetuar uma imagem de miséria de Moçambique.

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