O Instituto Internacional de Pesquisa sobre a Paz de Estocolmo (SIPRI) revelou que as despesas com as gerras aumentaram ,8 por cento de 2022 para 2023, tendo atingido o número recorde de 2.440 mil milhões de dólares. É o maior crescimento anual nas despesas militares em mais de uma década, desde 2009.

O SIPRI acrescenta ainda que é a primeira vez que se regista um crescimento de despesas militares em simultâneo em todas as cinco áreas geográficas, nomeadamente África, América, Ásia, Europa, Médio Oriente e Oceânea.

“O aumento sem precedentes nas despesas militares é uma resposta directa à deterioração do ambiente de paz e segurança ao nível global”, disse Nan Tian, um dos principais investigadores do SIPRI.

Aos seu ver, “os Estados estão a priorizar o seu poderio militar, mas correm o risco de uma acção-reacção em espiral, num panorama de crescente volatilidade geopolítica e de segurança”.

Os dois países com o mais alto índice de despesas militares são os Estados Unidos, com 37 por cento do total, e a China, com 12 por cento. Os dois países só representam quase metade das despesas militares em todo o mundo, tendo registado no período em análise um crescimento de 2,3 e 6 por cento respectivamente.

Os Estados Unidos gastaram mais 9,4 por cento do seu orçamento em “pesquisa, desenvolvimento, testes e avaliação” do que em 2022, o que demonstra o empenho de Washington de se manter na dianteira em termos de desenvolvimento tecnológico militar.

O Reino Unido teve um aumento de 7,9 por cento, tornando-se também no país com as despesas militares mais altas na Europa Central e Ocidental.

A Rússia aumentou as suas despesas militares em 24 por cento de 2022 a 2023, o primeiro ano da sua mais recente invasão da Ucrânia, e 57 por cento mais do que em 2014, quando invadiu a Ucrânia pela primeira vez, com a ocupação da Península da Crimeia. Com as despesas militares a 5,9 por cento do seu Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a 16 por cento de todas as despesas do governo russo, 2023 representou o mais alto índice de despesas militares registados no país desde a dissolução da União Soviética, em 1991.

A Índia aumentou as suas despesas militares em 4,2 por cento entre 2022 e 2023. O SIPRI observa, porém, que 75 por cento das despesas de capital no campo da defesa estão relacionadas com equipamento produzido ao nível doméstico, o que demonstra a progressão do país no sentido da auto-suficiência na produção militar.

A Arábia Saudita teve um aumento de 4,3 por cento para 75,8 mil milhões de dólares, 7,1 por cento do seu PIB. O Médio Oriente teve um crescimento médio de 9 por cento.

Com 4,2 por cento, o Médio Oriente é a região do mundo com o maior índice de despesas militares em proporção ao PIB, seguida da Europa, com 2,8 por cento, África (1,9 por cento), Ásia e Oceânia (1,7 por cento) e América (1,2 por cento).