Um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (WMO) considera que as mudanças climáticas poderão expor cerca de 118 milhões de africanos pobres a condições severas de seca, inundações e calor extremo até 2030. E como consequência disso, o continente poderá ver o seu Produto Interno Bruto (PIB) muito prejudicado até 2050.
O documento “AfricaClimateCrisis” publicado na terça-feira cintou com a colaboração de vários grupos, entre eles a Comissão da União Africana e a Comissão Económica para África.
“Até 2030 estima-se que perto de 118 milhões de pessoas extremamente pobres (isto é, vivendo com menos de 1,90 dólares americanos por dia) estarão expostas [àquelas condições] se não forem implementadas medidas de resposta adequadas”, escreveu Josefa Leonel Correia Sacko.
A Comissária para a Economia Rural e Agricultura da Comissão da União Africana disse que as mudanças climáticas estão a prejudicar a vida das economia africanas.
O relatório estima que os estados africanos já gastaram elevadas somas de dinheiro – entre dois e nove porcento do seu PIB – na adaptação às alterações climáticas, e o custo vai aumentar para 50 mil milhões de dólares anualmente até 2050, mesmo que o aquecimento global seja mantido abaixo de 2.°C.
A África Subsaariana, uma das regiões mais afectadas, pode perder três porcento do seu PIB até 2050. “Isto representa um sério desafio para as acções de adaptação e resiliência climática, porque não só as condições físicas estão a piorar, mas também o número de pessoas afectadas está a aumentar”, previu.
As alterações do clima já começaram a deixar marcas indeléveis. Entre os episódios mais recentes na África Subsaariana estão os ciclones Idai e Kenneth, que assolaram Moçambique em menos de 12 meses.
Mas também há outros registos dramáticos. Segundo o Secretário-Geral da WMO, Professor Petteri Taalas, o continente sofre de eventos climáticos e meteorológicos extremos.
Os glaciares da África Oriental estão a encolher a alta velocidade e espera-se que derretam por completo “num futuro próximo”. E para o Taalas, isto “assinala a ameaça de uma mudança iminente e irreversível no sistema terrestre”.
O relatório diz que os glaciares diminuíram para menos de 20 por cento do seu tamanho desde 1880. As três montanhas que apresentam glaciares – o Monte Maciço do Quénia no Quénia, as Montanhas Rwenzori no Uganda e o Kilimanjaro na Tanzânia são “de eminente importância turística e científica”, diz o relatório.