A agência de notação financeira Moody’s perspectiva “lucros sólidos” para os bancos em 2023, com a subida das taxas de juro e os balanços reforçados a contrabalançarem o abrandamento económico global.
“Os bancos globais estarão protegidos do aumento do crédito malparado em 2023 pelo aumento das taxas de juro e pelas reservas sólidas e a perspectiva para o sector permanece estável”, refere a Moody’s Investors Service num relatório divulgado ontem e citado pela Lusa.
Citado no documento, o vice-presidente sénior de crédito da Moody’s afirma que, apesar do “ambiente macroeconómico enfraquecido e mais volátil”, os bancos “vão reportar lucros sólidos em 2023”.
“O aumento dos juros permitirá a geração contínua de capital sobre o capital já forte, enquanto a liquidez e o financiamento permanecerão robustos, mesmo com as condições económicas sombrias em grande parte do mundo a provocarem uma deterioração do desempenho dos empréstimos. A qualidade de crédito da banca permanecerá globalmente estável”, sustenta Edoardo Calandro.
De acordo com a agência de notação, os bancos na América do Norte, Médio Oriente, alguns países da Europa Ocidental e Ásia-Pacífico (excluindo a China) serão os que mais beneficiarão com as taxas mais altas.
Já os créditos em incumprimento serão, provavelmente, em maior número em mercados emergentes muito ‘dolarizados’, enquanto muitos bancos em países produtores de energia irão beneficiar dos preços mais elevados do petróleo.
Segundo a Moody’s, as perdas com empréstimos serão contidas pelos padrões mais rígidos de acesso ao crédito adoptados ao longo dos últimos 10 anos, pela menor exposição a classes de activos mais arriscadas e pelas elevadas provisões constituídas pelos bancos.
Por sua vez, “os rácios de capital continuarão globalmente estáveis, com a rentabilidade sólida a permitir aos bancos gerar capital internamente os requisitos regulatórios a continuarem em níveis elevados e a retenção de lucros a ultrapassar o aumento do risco ponderado dos activos e as distribuições aos accionistas”.
“Os depósitos permanecerão, provavelmente, bem acima dos níveis pré-pandémicos pelo menos nos próximos 12 a 18 meses e os requisitos de resgate da dívida já foram amplamente cumpridos na maioria das economias avançadas. Isto, associado à forte posição de partida, significa que os bancos permanecerão bem financiados ao longo de 2023, mesmo com os bancos centrais a continuarem a drenar liquidez”, acrescenta.
As perspectivas da Moody’s apontam para que “o crescimento económico desacelere em todo o mundo em 2023”, com “a inflação alta, as mudanças geopolíticas e a volatilidade do mercado financeiro a prejudicar famílias e empresas”, existindo “um risco substancial de novos choques no futuro”.
Pela positiva, a agência refere que “o desemprego, um importante indicador de risco de crédito para as famílias, permanecerá abaixo da média de 20 anos na maioria dos países do G20”.
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