Moçambique e outros estados são indicados como países que servem de “portos seguros para terroristas” onde são capazes de orquestrar seu planos “com relativa segurança” pela fraca “capacidade de governação, falta de vontade política ou ambos”, segundo um relatório do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (EUA).
O documento publicado esta quinta-feira, revela que em 2020 as incursões do grupo terrorista ISIS-Moçambique resultaram em 1.500 perdas de vida e levou 500.000 pessoas a abandonarem seus locais de origem.
O relatório também concluiu que, no ano passado, houve um incremento de 130% do número de ataques relativamente a 2019.
O Departamento de Estado realça que o grupo terroristas actuou ao bel-prazer na província de Cabo Delgado, ou seja “teve uma liberdade de movimento considerável” e como consequência “assumiu o controlo de quantidades significativas de território” chagando até a ameaçar, através de sucessivos ataques “valiosas instalações de gás natural”.
De acordo com documento, “tanto o Governo moçambicano como os parceiros regionais tiveram dificuldades em responder eficazmente à ameaça” e, no final de 2020, o grupo armado “estava efectivamente à rédea solta em grande parte de Cabo Delgado”.
O documento enumera os ataques em Cabo Delgado e também os classifica, apontando o de 24 de Janeiro em Mbau (Mocímboa da Praia) onde morreram 22 pessoas, a ocupação de Quissanga a 25 de Março, a decapitação de cerca de 70 civis em Xitaxi (Muidumbe) a 25 de Abril, e outras aldeias do distrito de Muidumbe entre 31 de Outubro e 08 de Novembro onde igualmente foram decapitadas cerca de 50 pessoas, como os piores.
Os americanos consideram que em Moçambique falta uma estratégia contra-terrorismo e requalificação militar, doptando as forcas de equipamento e capacidade “para detectar, impedir ou prevenir actos de terrorismo de forma proactiva”.
Falta ainda um plano de acção do Governo contra o extremismo violento, mas já existe o reconhecimento das autoridades moçambicanas da “necessidade de uma resposta holística à violência terrorista que inclua o envolvimento da comunidade, além da actividade de segurança”.
Outro desafio que se impõe a Moçambique é a segurança de suas fronteiras, principalmente do lado da Tanzânia por ser uma porta de recrutamento e entrada de terroristas.
O Departamento de Estado dos EUA indica, porém, que o Governo moçambicano executou operações de segurança, procedeu à detenção de vários suspeitos de terrorismo e teve um “maior alcance com parceiros bilaterais para assistência”, além de “alguns relatos” de ter contratado companhias militares privadas da África do Sul.
O relatório acrescenta que 516 pessoas foram extraditadas da Tanzânia para Moçambique, por alegado envolvimento em ataques terroristas em Cabo Delgado, no âmbito de um memorando de entendimento.
Segundo o projecto “Armed Conflict Location & Event Data Project” (ACLED), citado pelo relatório, desde 2017 que se reportaram 697 eventos violentos em Cabo Delgado e 2.393 fatalidades associadas ao ISIS-Moçambique.
Fonte: DW