Moçambique pondera negociar com Rússia conversão de dívida em investimento

Moçambique pondera negociar com Rússia conversão de dívida em investimento

O governo moçambicano admitiu neste sábado negociar com a Rússia a reconversão da dívida moçambicana em investimento no país. O Presidente da República, Filipe Nyusi, garantiu também que, sobre o conflito com a Ucrânia, os países africanos falam com todas as partes.

“No encontro que eu tive com o Presidente Putin a conversa foi isso – qual pode ser a nossa contribuição [de África] para que esse conflito termine, para que a vida deixe de ser cara, os preços dos produtos, dos combustíveis, fertilizantes, cereais […]. Porque, para podermos progredir na cooperação com a Rússia, precisamos que a Rússia esteja tranquila, para se concentrar”, afirmou o chefe de Estado moçambicano, citado pela Lusa, em declarações aos jornalistas em São Petersburgo.

Filipe Nyusi terminou neste sábado uma visita de trabalho à Rússia que incluiu a sua participação na cimeira com os países africanos e uma reunião com o homólogo russo, Vladimir Putin.

“Avaliamos as relações num bom momento”, descreveu, ao fazer o balanço da visita.

O Presidente da República destacou a sugestão de perdão ou conversão da dívida moçambicana — admitindo apenas que “não é muito valor”, embora “significativo” para o país – em “actividades sociais”, como na educação ou saúde em Moçambique, ou mesmo na área da agricultura e energia.

“Sugerimos à Federação Russa para olhar para a agricultura – neste caso concreto, para a produção do trigo -, para também olhar para o turismo, as infraestruturas”, sublinhou.

Moçambique, garantiu, trabalha com a Rússia numa “base de vantagens mútuas”, com utilidade para ambas as partes, e a presença nesta cimeira é explicada por ver o país como “um parceiro em todas as dimensões”.

“Também queremos a Rússia em paz”, disse, insistindo em que os países africanos, incluindo Moçambique, têm falado sobre o fim do conflito também com a Ucrânia.

Para Filipe Nyusi, a presença de 47 países africanos na cimeira Rússia/África, incluindo 17 chefes de Estado, explica que “estão livres, estão soltos, são soberanos”. Por isso, recusou cenários de pressão.

“Não sei quem é que pode ser pressionado, porque cada país tem sua posição. Incluindo as do Ocidente”, apontou, garantindo que a posição transmitida por Moçambique foi de defesa do diálogo.

“Não significa que nós apoiamos a guerra, porque acredito que nem Ucrânia, nem a Federação Russa querem a guerra […]. Não devemos pensar sempre que somos pressionados, mas que se calhar a nossa posição muito pressiona também. Só o facto de dizer que eu penso assim, que tenho que ir dialogar”, disse ainda o Presidente de Moçambique, admitindo que todos estão pressionados para resolver o conflito.

Partilhar este artigo

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.