Moçambique colhe experiências brasileiras na construção de sistemas alimentares resilientes e inclusivos

Moçambique colhe experiências brasileiras na construção de sistemas alimentares resilientes e inclusivos

No âmbito do diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, o Ministro da Agricultura Ambiente e Pescas visitou, nos dias 20 e 21 de Maio corrente, importantes instituições Brasileiras e cooperativas de produtores para se inteirar de práticas inovadoras e tecnologias modernas com impacto multiplicador na agricultura familiar, pecuária, piscicultura e na segurança alimentar.

A visita à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) permitiu o contacto directo com políticas públicas eficazes de armazenamento estratégico de alimentos, apoio à agricultura familiar, programas de distribuição alimentar, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e as cozinhas solidárias. A Conab destacou também os esforços para mitigar os impactos das alterações climáticas e garantir a inclusão social.

Na Feira AgroBrasília, os convidados africanos juntamente com a delegação moçambicana inteiraram-se de inovações tecnológicas aplicadas ao sector agrícola, produzidas pela Embrapa – uma instituição de investigação Agrária, incluindo o desenvolvimento de variedades de culturas adaptadas às mudanças climáticas, mecanização adequada às pequenas propriedades, produção sustentável de pastagens, uso de bio-insumos e inteligência artificial, além da valorização da produção local por meio de certificação e criação de marcas.

O momento mais marcante da missão foi a visita à Cooperativa Indaiá – Laticínios Araguaia. Este projecto comunitário exemplifica o potencial da agricultura familiar na produção artesanal de leite e derivados, com forte envolvimento da comunidade, sobretudo mulheres e jovens. A unidade de processamento desta cooperativa utiliza recursos locais sustentáveis, contando com apoio técnico da Emater e financiamento do Banco do Brasil. A cooperativa abastece programas de alimentação escolar e mercados locais, promovendo desenvolvimento económico e social naquele país.

Embrapa Semiárido, no Vale do São Francisco – região semiárida do Brasil, foi também um dos destinos da visita. Aqui a comitiva vivenciou tecnologias e práticas adaptadas à produção de alimentos em áreas com desafios climáticos, fundamentais para a superação da pobreza e promoção da segurança alimentar. Foram apresentadas as trilhas de água da Embrapa Semiárido, que utilizam sistemas como cisternas, quintais produtivos, águas residuais tratadas para rega e outras tecnologias de convivência com a baixa precipitação, visando optimizar o uso da água em regiões áridas.

A delegação escalou também unidades de fruticultura com destaque para uvas tropicalizadas – compostas por pequenas unidades familiares -, que possuem sistemas próprios de beneficiamento e comercialização dos produtos, assegurando valor acrescentado local. Conheceram também as unidades de piscicultura da CODEVASF, localizadas no perímetro irrigado de Bebedouro, que se dedicam à propagação de espécies nativas de alevinos.

Foram também apresentadas iniciativas de capacitação dos produtores para a gestão de projectos de aquacultura, fortalecendo a autonomia e a sustentabilidade das comunidades locais. Teve-se a oportunidade de aferir como a integração da fruticultura, piscicultura e pecuária pode criar modelos sustentáveis de produção rural adaptados às condições do semiárido. Um destaque particular foi a tecnologia de piscicultura e uso de barragens subterrâneas, que permite o uso eficiente de recursos hídricos em ambientes semiáridos.

Esta visita reveste-se de suma importância porque reforça o compromisso de Moçambique em aprender com as experiências brasileiras para aplicar soluções tecnológicas que contribuam para o desenvolvimento rural sustentável e para a mitigação dos efeitos das alterações climáticas nas suas zonas semiáridas. Segundo o Ministro, “a missão governamental ao Brasil que agora termina, reforça a cooperação entre Moçambique e aquele país sul-americano, e vai dar um impulso gigantesco no fortalecimento das políticas públicas rurais moçambicanas, com enfoque especial na construção de sistemas alimentares resilientes e inclusivos que vão permitir a materialização da missão: Alimentar Moçambique”. (Nota Informativa)

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