Houve poucas falhas mecânicas reais e a maior parte dos alegados problemas nos equipamentos de registo foram causados, intencionalmente, por membros das brigadas para impedir que os membros dos partidos da oposição se registassem, de acordo com uma investigação do Boletim Eleitoral do CIP.
Um perito do Mobiles ID (computador de registo) afirma que o nível de avarias relatado nestas eleições nunca ocorreu em nenhum país. E estranha que os problemas reportados pelos supervisores não sejam comunicados ao consórcio Lexton/Artes Gráficas que tem técnicos para reparar as avarias, o que aumenta a suspeita de manipulação do equipamento para fins políticos.
Por exemplo, houve alegadamente grandes problemas na captação de fotografias e no registo de impressões digitais. As falhas na captação de imagens e impressões digitais acontecem, mas estão relacionadas com a qualidade da luz e com o eventual encandeamento da pele do rosto do eleitor, por ser oleosa. O mesmo acontece com as impressões digitais quando os dedos estão húmidos ou oleados. Mas quando a captura digital falha, os mobiles têm o sistema de captura manual. Os dois sistemas não podem falhar em simultâneo. Por outras palavras, em caso de falha da captura automática, recomenda-se a utilização do sistema manual. Além disso, as brigadas foram instruídas que, em caso de falhas na captura de imagens, deveriam recomendar ao eleitor que passasse um pano ou toalha no rosto, ou mesmo as mãos, como solução.
O que estava a acontecer é que os brigadistas propositadamente não recorriam à captura manual ou recomendavam aos eleitores que passassem uma toalha ou pano no rosto para limpar o brilho da pele.
A investigação do Boletim CIP revela que os mobiles têm poucos problemas e nenhum deles está relacionado com o que é sempre noticiado. Os problemas mais comuns nestas máquinas têm a ver com sobreaquecimento ou defeitos de fabrico ou então problemas de software ou hardware. Todos os casos são inferiores a 1%. Por outras palavras, são insignificantes. De acordo com o especialista, se a falha for no software, a reparação é feita em minutos ou horas e nunca dura um dia, ao contrário do que é noticiado. Se o problema for de hardware, há também a garantia de substituição imediata.
Ora, os problemas apresentados pelos supervisores durante o recenseamento eleitoral nada têm a ver com os que são comuns neste tipo de tecnologia.
Muitos destes problemas só podem ocorrer em situações de má ligação ou de desconexão de cabos, seja por engano ou propositadamente. O especialista que temos vindo a citar sublinha que nenhum problema pode demorar mais de um dia sem ser resolvido. Considera estranho que haja avarias que se prolonguem por semanas.
O Boletim do CIP sabe que o STAE central, o da Cidade de Maputo e o da Matola dispunham de equipamentos de reserva para os substituir em caso de avaria em qualquer ponto. De facto, 42 mobiles foram distribuídos nas duas últimas semanas para as províncias do centro e norte.
O argumento apresentado pelo STAE em Tete de que algumas máquinas mostravam imagens de hienas é, para o especialista, um exemplo de exagero na manipulação dos equipamentos. Segundo ele, em nenhum dos 161 países as máquinas mostraram imagens de animais.
Os observadores reportaram 25% dos postos de recenseamento com problemas de equipamento ou de fornecimento, mas parece agora que a maioria dos “problemas” não foram reportados ao STAE ou à Lexton/Artes Gráfica, mas sim uma manipulação intencional e organizada do equipamento para bloquear o registo dos eleitores dos partidos da oposição. (cipeleições)
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