Tem sete anos e em 2020 foi sujeita a uma amputação completa dos órgãos genitais. Os médicos tentam fazer a reconstrução, mas há já uma certeza: a vida do pequeno nunca mais voltará a ser a mesma.
Trata-se de segundo caso de amputação de órgãos genitais de um menor, curiosamente, na mesma província, Tete, e quase que em moldes semelhantes.
“Criamos uma nova uretra e estamos ainda a fazer técnicas de reconstrução para aumentar a uretra e para criar um pequeno pénis para ele poder urinar de pé”, explica Igor José Vaz, médico cirurgião que comanda a operação.
A medicina faz o que é possível, para minimizar a dor e o sofrimento do menino cujo nome não podemos revelar, mas ficam marcas que nem o tempo poderá sarar.
“Esta criança nunca vai ter um pénis normal, nunca vai ter os testículos normais, portanto não vai poder fazer filhos”, explica o cirurgião a jornalista.
“E mesmo para crescer com as caraterísticas secundárias de um homem, vai ter dificuldades. A partir de uma certa idade esta criança vai ter de fazer uma reposição hormonal que vai durar por toda a vida”, salienta o médico especialista.
Devido a sua condição física, a criança tem sofrido bullying por parte dos seus colegas da escola o que fez com que a mesma adotasse um comportamento agressivo. “A criança esta traumatizada”, diz o médico especialista.
“Esta criança bate na mãe, bate nos colegas, rebela-se contra todos. Algum assunto está a acontecer, ele está-se a perceber que é diferente dos outros, que não tem pénis, que não tem testículos e que provavelmente não vai poder fazer filhos”, refere o cirurgião.
A dor, e o abandono
Do outro lada da sala da clínica Cruz Azul, cidade de Maputo, encontramos a mãe e a criança cujo a vida estive a um fio, depois de um vizinho ter decidido amputar os órgãos genitais do menino com recursos a atador de sapato e cordas.
“Meu filho estava em casa…decidiu depois sair para brincar, e foi nesta altura que um vizinho seguiu-lhe, aliciou-lhe com um pacote de bolacha e levou-lhe até mata”, conta a mãe com um semblante carregado de triste.
“Lá na mata, o senhor amarrou o meu filho no pescoço com um atador de sapato, enquanto a criança gritava por socorro”, conta mãe em lagrimas, ao lado do filho que esta deitado na cama à espera de uma outra cirurgia.
Para imobilizar por completo o menino, o senhor de 26 anos, pegou numa pedra bateu no pescoço do menino. “Meu filho desmaiou e quando ele acordou já não tinha pénis”, revela a mãe.
Já pela manhã a criança foi encontrada em choro, e abandonada nas matas por uma senhora que estava de passagem. “Levou-lhe para o hospital provincial de Tete, onde teve os primeiros tratamentos para estancar o sangue”, conta a senhora.
O indivíduo responsável por este acto macabro, encontra-se foragido da polícia.
O tratamento, decorre no âmbito de um Programa de Cirurgia Reconstrutiva e é financiado pela embaixada da Irlanda.
Deixe uma resposta