- Daniel Matavele mandou adulterar votos na acta dos resultados das eleições
- O filho Ivan Matavele, o afilhado, Elias Tamele e a madrinha de casamento, Formosa Macamo, deviam chegar a Assembleia da República
- Secretária-Geral da OMM e Secretário dos Combatentes envolvidos no esquema
Uma denúncia de um membro da Frelimo revela uma tentativa frustrada entre os camaradas de, através de esquemas duvidosos, fazer subir familiares para o cargo de deputados na Assembleia da República.
O caso foi despoletado na província de Gaza onde, no último final-de-semana, a par de outras províncias, decorreu a eleição dos pré-candidatos a deputados da AR. De acordo com a denúncia em vídeo feita pela representante do círculo eleitoral de Massingir, o Primeiro Secretário da Frelimo em Gaza, Daniel Matavele, usurpou votos para o filho Ivan Jhon Matavele subir a deputado no parlamento, em representação da “ala” jovem do partido. Ivan Jhon Matavele teria se beneficiado ilegalmente de 12 votos e aparecido em primeiro lugar numa lista de quatro novos integrantes para estar no parlamento.
Outras fontes dizem que Daniel Matavele deu ordens expressas para fazer o filho ser eleito em primeiro lugar. “Mandou adulterar os resultados na acta”.
Na lista de renovação dos jovens havia quatro nomes para igual número de assentos. “Nessa lista estavam os afilhados e os sobrinhos da mamã Alice Tamele. Essa lista estava para salvaguardar os seus interesses”.
Na verdade, os jovens tinham direito a apenas dois assentos, mas passaram a quatro, para igual número de concorrentes, depois de terem sido usurpados dois dos três assentos a que as mulheres combatentes têm direito.
Ela afirma que o processo eleitoral que decorreu na cidade de Xai-xai quebrou o protocolo de 35% de cotas para a participação de mulheres para serem eleitas. “Alegou-se que foi uma directiva de origem incerta. Coisas sem pé e nem cabeça”.
A candidata a deputada da AR diz que as mulheres tinham direito a três assentos para renovação. “Mas fomos sacrificados dois assentos para dar aos jovens…”. E quando procurou saber a razão do abate dos dois assentos, a secretária da Organização da Mulher Moçambicana (OMM – um órgão social do partido), Alice Tamele, disse: “assim está certo”.
Entretanto, os membros do Comitê Provincial de Gaza exigiram a recontagem dos votos da eleição dos jovens, tendo ficado claro que Ivan Jhon Matavele, candidato número 2 na lista da Organização da Juventude Moçambicana (OJM), se beneficiou de 12 votos irregulares. Assim, depois da recontagem, o filho de Daniel Matavele, passa do primeiro lugar para o terceiro, tendo sido confirmado Dan Eugénio Matuassa com 87 votos e Jusselino Rubao Bahule com 80 votos os mais eleitos.
Com a reposição da verdade, de haver somente disponíveis dois assentos para os jovens, o filho de Matavele, que se quer era conhecido como militante entre a maioria dos camaradas, não será deputado da Assembleia da República na próxima legislatura.
A denunciante diz que a Comissão Política da Frelimo nada tem a ver com os esquemas de fraude, e “ilibou” Margarida Talapa, membro da Comissão Política da Frelimo, de qualquer conivência no esquema que também envolveu o secretário dos combatentes e Gaza.
Além disso, a denunciante que diz não temer qualquer tipo de represálias, disse que a eleição também foi fraudulenta porque a secretária Alice Tamele, preferiu “matar a OMM em Gaza” para salvaguardar os seus interesses.
“Por isso, sacrificaram, novamente, a lista da mulher combatente, porque deviam concorrer numa lista geral. Arranjaram artimanhas para justificar coisas estranhas, aquilo que não vem na directiva”, disse.
Além disso, a denunciante de Massingir diz que nesse processo ela foi eleita. “E voltaram a querer menosprezar e destruir isso. E eu sei que há justiça e ela será feita. Não tenho medo em nenhum momento. Se há um preço que tenho de pagar, estou disponível. Ninguém vai me tirar a vida e do partido por isso, reivindicar o meu direito e o da mulher combatente. Eu vou informar à comunidade”, assegurou.
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