A Associação Médica de Moçambique (AMM) decidiu, hoje, suspender imediatamente a greve e retomar as actividades a partir de quinta-feira (24), como um “voto de confiança” à nova comissão de diálogo.

A greve vai estar interrompida durante 40 dias, até ao dia 02 de Outubro, caso se alcancem consensos, de acordo com o Presidente da AMM, Milton Tatia.

“Nós, classe médica, decidimos dar um voto de confiança a esta equipe que foi criada, e vamos interromper, provisoriamente, a nossa greve, a partir de amanhã. Amanhã estaremos a trabalhar, e vamos aguardar até ao dia 02 de Outubro”, anunciou Tatia.

Ele clarificou que durante esse período a AMM estará igualmente a verificar se a contraparte atendeu às preocupações da classe para melhorar determinadas condições de trabalho consideradas cruciais no exercício do seu trabalho.

Na terça-feira (22), o Executivo anunciou a criação de uma nova comissão liderada pelo Primeiro-ministro ,Adriano Maleiane, para dar seguimento as conversações entre o Governo e os médicos.

De acordo com Milton Tatia, a interrupção baseia-se no vislumbre de “uma luz no fundo do túnel” para se encontrar soluções conjuntas, nomeadamente, entre o Governo e todas as associações de saúde, “em prol do serviço nacional de saúde”. “Falo aqui do Governo e não do Ministério da Saúde”, destacou.

Os pronunciamentos da AMM ocorreram no princípio da noite desta quarta-feira. E, recorde-se que, pela manhã, aquando da abertura oficial do XI Festival Nacional da Cultura, o Presidente da República, Filipe Nyusi, apelou, aos médicos e ao Governo, o alcance de soluções exequíveis na realidade do país. Leia mais…

“Foi decidida a criação de uma equipa conjunta de trabalho que vai incluir o Governo, a AMM, a Ordem dos Médicos e outras associações e ordem socioprofissionais do Ministério da Saúde para trabalharem a fundo nas condições do nosso serviço nacional de saúde tentarem ressuscitar o serviço nacional de saúde”, referiu, Tatia.

A AMM estava em greve desde 10 de Julho, e decorria agora a terceira fase, depois de duas prorrogações. Cada fase teve 21 dias. Na última prorrogação, anunciada no domingo (20), a AMM avisou que poderia deixar de prestar os serviços mínimos em todo o país.

O Ministério da Saúde devia ter realizado uma conferência de imprensa esta quarta-feira, onde o vice-ministro da Saúde, Ilesh Jani, deveria apresentar a situação geral das unidades sanitárias do país no contexto da greve dos médicos, mas a mesma não ocorreu. Um comunicado ministerial colocado a circular dava as indicações para a conferência, porém foi imediatamente colocado fora de circulação. Até então, são desconhecidos os motivos do cancelamento e uma nova data.