A Associação Médica de Moçambique (AMM) denunciou, esta segunda-feira, em Maputo, a ocorrência de intimidação por parte de titulares de órgãos públicos na sequência da anunciada greve.
“Infelizmente assistimos a várias tentativas de intimidação por parte de titulares de órgãos públicos, directores de serviços, directores dos hospitais, directores provinciais. São situações que infelizmente veem acontecendo. Nós em tempo, e em sede própria, temos estado a denunciar estas questões”, disse, o médico Napoleão Viola, citado no portal “Voz da América” em português.
No entender da classe, isto deriva do fracasso nos diálogos com o Governo para a revisão do seu enquadramento na Tabela Salarial Única (TSU).
Os médicos anunciaram, em Outubro, a paralisação parcial e a nível nacional, das suas actividades por 21 dias, até uma resposta satisfatória as suas inquietações. O início estava marcado para 07 de Novembro, mas foi adiada para esta segunda-feira, 05 de Dezembro.
O Ministro da Saúde, Armindo Tiago, assegurou, ontem, o funcionamento normal das unidades sanitárias em todo o país, apesar de ausências “ponderáveis” de alguns médicos, segundo a Rádio Moçambique.
A confirmar o início da greve, o Presidente do Conselho de Direcção da AMM, Milton Tatia, disse que a classe “lamenta a situação” e alegou que a classe “não está em condições psicológicas para continuar a prestar os serviços e cuidados” que os moçambicanos merecem.
Algumas unidades sanitárias em Moçambique já estão sem pessoal médico e determinadas consultas de cirurgia e outras sem carácter de urgência agendadas para 05 de Dezembro foram canceladas.
Os médicos garantem atendimento para todos os casos que careçam de intervenção urgente. Para já, aos improvisos, alguns cuidados estão a ser assegurados por médicos estrangeiros [cubanos] e enfermeiros.
“As consultas externas estão paralisadas. Os médicos que estão em greve não farão estas consultas que estão marcadas. Entretanto, há alguma actividade que permanece aqui, e nós temos alguns médicos estrangeiros que continuam a trabalhar. Nas consultas que não estão a ser feitas os médicos [cubanos] estão a fazer uma espécie de triagem. Os pacientes que aparentam estar bem deixam os números de telefone e os aparentemente graves são encaminhados para o banco de socorros”, disse Andrea Neves, médica no Hospital Geral José Macamo.
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