Os médicos moçambicanos anunciaram esta quarta-feira uma nova greve nacional da classe de 21 dias, a partir de segunda-feira, contestando cortes salariais com a aplicação da nova tabela na função pública e falta de pagamentos de horas extras.
Segundo o presidente da Associação Médica de Moçambique (AMM), Milton Tatie, trata-se, novamente, de uma greve nacional, onde serão prestados apenas os serviços mínimos e que vai começar às 07h00 de segunda-feira.
A associação justificou a decisão do regresso à greve, após a suspensão de uma outra convocada em Dezembro, com a ausência de resultados nos entendimentos alcançados com o Governo nas negociações realizadas no final do ano passado.
“O Governo prometeu resolver a questão de cortes salariais e a falta de pagamentos de horas extras a partir de Fevereiro, mas até agora não houve resultados. No sábado, tivemos um encontro com uma nova equipa do Governo, deferente da equipa que estava a negociar com os médicos em Dezembro, e que agora nos informou que não vai implementar o que acordámos anteriormente”, explicou Milton Tatie, à Lusa.
Entretanto, o Ministério da Saúde, prometeu pronunciar-se sobre o assunto para breve.
Recorde-se que os médicos tinham já anunciado o seu descontentamento em Novembro do ano passado, quando adiaram uma primeira greve, após encontros com os ministros da Economia e da Saúde, para “dar tempo ao Governo” de “implementar os princípios acordados”.
A AMM aponta a “mudança constante de interlocutores por parte do Governo” e a falta de transparência sobre a “forma como os salários dos médicos estão a ser ou não processados” como alguns dos pontos que determinaram o fracasso das negociações até esta altura.
No país, a implementação da nova tabela salarial na função pública está a ser alvo de forte contestação por parte de várias classes profissionais, com destaque para os médicos, juízes e professores.
Além dos médicos, a Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique também esteve em greve no mês passado em contestação à aplicação da nova tabela salarial, tendo dado um prazo de 60 dias ao Governo para resolver, pelo menos, uma parte das reivindicações dos profissionais.
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