Mais de 60% do salário moçambicano vai para a alimentação – Oxfam

O relatório “First crisis, then catastrophe” da Organização Não-governamental Oxfam revela que até o final deste ano cerca de 860 milhões de pessoas em todo o mundo serão empurradas para um nível de pobreza extremo.

Segundo a organização, no final deste ano aquele número de pessoas em todo o mundo estará a viver abaixo do limiar fixado em um 1,9 dólares por dia.

Com base em pesquisas do Banco Mundial, a Oxfam estima agora que só o aumento dos preços globais dos alimentos irá empurrar mais 65 milhões de pessoas para a pobreza extrema, para um total de mais 263 milhões de pobres extremos este ano.

“Sem uma acção radical imediata, poderíamos estar a assistir ao mais profundo colapso da humanidade em pobreza extrema e sofrimento há muito tempo”, disse a Directora executiva da Oxfam International, Gabriela Bucher.

A pandemia é a causa principal desta subida nos números da pobreza extrema. Este fenómeno que atacou todos os aspectos da economia mundial desde há dois anos foi exacerbado pelas desigualdades e pela subida nos preços dos alimentos causada pela guerra na Ucrânia. Tudo isto resultou num número bastante superior às estimativas feitas antes do aparecimento da covid-19.

Desigualdades que persistem, se compararmos os países. Enquanto uma pessoa pobre nos Estados Unidos gasta menos de 30% do orçamento em comida, esse número ronda os 60% em países como Moçambique ou o Perú.

Um gráfico apresentado esta quarta-feira pela Euro News demonstrou que 80% da população moçambicana está nessa condição.

A Oxfam diz que, nos últimos dois anos, o mundo perdeu o trabalho feito ao longo de décadas em termos de luta contra a pobreza. No relatório, constata-se ainda o facto de “milhares e milhares de dólares estarem nas mãos de um pequeno grupo de pessoas que nada fazem para contrariar a tendência”.

 

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