O relatório “First crisis, then catastrophe” da Organização Não-governamental Oxfam revela que até o final deste ano cerca de 860 milhões de pessoas em todo o mundo serão empurradas para um nível de pobreza extremo.
Segundo a organização, no final deste ano aquele número de pessoas em todo o mundo estará a viver abaixo do limiar fixado em um 1,9 dólares por dia.
Mass starvation faces millions of people already locked in severe levels of hunger and poverty across East Africa, the Sahel, Yemen and Syria.
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Com base em pesquisas do Banco Mundial, a Oxfam estima agora que só o aumento dos preços globais dos alimentos irá empurrar mais 65 milhões de pessoas para a pobreza extrema, para um total de mais 263 milhões de pobres extremos este ano.
“Sem uma acção radical imediata, poderíamos estar a assistir ao mais profundo colapso da humanidade em pobreza extrema e sofrimento há muito tempo”, disse a Directora executiva da Oxfam International, Gabriela Bucher.
A pandemia é a causa principal desta subida nos números da pobreza extrema. Este fenómeno que atacou todos os aspectos da economia mundial desde há dois anos foi exacerbado pelas desigualdades e pela subida nos preços dos alimentos causada pela guerra na Ucrânia. Tudo isto resultou num número bastante superior às estimativas feitas antes do aparecimento da covid-19.
Desigualdades que persistem, se compararmos os países. Enquanto uma pessoa pobre nos Estados Unidos gasta menos de 30% do orçamento em comida, esse número ronda os 60% em países como Moçambique ou o Perú.
Um gráfico apresentado esta quarta-feira pela Euro News demonstrou que 80% da população moçambicana está nessa condição.
A Oxfam diz que, nos últimos dois anos, o mundo perdeu o trabalho feito ao longo de décadas em termos de luta contra a pobreza. No relatório, constata-se ainda o facto de “milhares e milhares de dólares estarem nas mãos de um pequeno grupo de pessoas que nada fazem para contrariar a tendência”.