“Maior parte dos fundos que Moçambique recebe dos doadores são usados em esquemas de corrupção”

Economistas moçambicanos consideram que alguns dos grandes doadores e financiadores internacionais estão a passar por cima dos problemas de governação e corrupção em Moçambique e continuam a fazer novos financiamentos que, alegam, podem estar a beneficiar algumas entidades da classe política.

O assunto tem sido levantado de forma consistente por várias vozes da sociedade civil que pedem uma inversão da marcha pelo Governo.

Citado pela VOA, Luís Cossa entende que apesar de denúncias da sociedade civil, sobre a má aplicação de fundos disponibilizados pela comunidade internacional, “nos últimos anos Moçambique tem estado a receber muito dinheiro que em muitos casos é usado em esquemas de corrupção”, realçando aquele economista que “isso é sabido, mas passa-se por cima como se nada tivesse acontecido”.

Na mesma opinião, o economista João Mosca diz serem muitos os casos de uso indevido de fundos doados pela comunidade internacional, realçando que “a utilização de fundos da Covid-19, sofreu grandes desvios de aplicação e despesas não justificadas, mas o FMI e o Banco Mundial continuam a financiar Moçambique e ainda há pouco tempo voltaram a anunciar novos financiamentos”.

Segundo João Mosca, “a questão da corrupção é mais importante para alguns países, mas para grandes doadores e financiadores que têm por detrás outras perspectivas muito mais alargadas, a corrupção e a governação em Moçambique não contam, o mais importante é o gás”.

Por sua vez, a economista Leila Constantino, afirma que a má gestão e a falta de planos traçados tendo em conta a realidade do país, fazem com que o impacto dos apoios da comunidade internacional seja mínimo.

“Por que é que as parcerias e os financiamentos que Moçambique tem estado a receber não fazem muita diferença em termos de desenvolvimento do país”, interroga-se.

A economista avança que o Governo não está a conseguir mostrar aos cidadãos que os financiamentos externos estão a fazer alguma diferença, “e um dos exemplos é o sector da saúde, que depende em mais de 50% de financiamentos externos, mais até hoje ainda tem problemas em termos de pagamento de salários e de funcionamento”.

Entretanto, Germano Brujane, do Comité de Coordenação da Iniciativa de Transparência da Indústria Extractiva, diz que no sector extractivo, o Governo está a tratar deste assunto com muita transparência, ‘’porque nenhum investidor investe num país onde as coisas não são feitas de forma transparente”.

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