O grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) anunciou o cancelamento da sua participação nas negociações de paz com o Governo da República Democrática do Congo (RD Congo), previstas para terça-feira, em Luanda.
A decisão surge na sequência das sanções impostas pela União Europeia (UE) a nove indivíduos e a uma refinaria com sede em Kigali, acusando “certas instituições internacionais” de sabotarem os esforços de pacificação.
O anúncio foi feito pelo porta-voz do M23, Lawrence Kanyuka, através da rede social X, onde responsabilizou as instituições internacionais por inviabilizarem as conversações mediadas por Angola. O grupo tinha anteriormente confirmado a presença de cinco delegados no encontro, respondendo ao convite das autoridades angolanas.
As sanções da UE, adotadas esta segunda-feira, visam o líder político do M23, Bertrand Bisimwa, bem como altos comandantes do exército do Ruanda, país acusado de apoiar os rebeldes tutsis do M23. O Ruanda nega qualquer envolvimento.
Nas últimas semanas, o M23 lançou uma nova ofensiva no leste da RD Congo, conquistando territórios estratégicos, incluindo as duas maiores cidades da região e várias localidades menores. O grupo insurgente tem estado no centro das tensões entre Kinshasa e Kigali, com acusações mútuas de ingerência no conflito.
Apesar do cancelamento por parte do M23, o Governo congolês mantém a sua intenção de participar nas negociações em Luanda. “Confirmamos a nossa presença”, afirmou Tina Salama, porta-voz da presidência da RD Congo, numa mensagem enviada através da plataforma WhatsApp, acrescentando que a delegação governamental deveria partir ainda esta segunda-feira.
Angola tem desempenhado um papel central na mediação do conflito, procurando estabelecer um cessar-fogo duradouro e reduzir a tensão entre a RD Congo e o Ruanda. (texto: DW)
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