Moçambique vive um período-pós-eleições marcado por manifestações contra os resultados do escrutínio. Esses actos ocorrem em todo o território nacional. Na diáspora há também manifestações. Em todos os cantos a linha única é a reposição da verdade eleitoral.
As incidências muitas vezes são divulgadas pelas redes sociais. A imprensa tem recorrido a esse material para produzir suas matérias. Entretanto, no meio da divulgação massiva do curso das greves — até porque todo o mundo já sabe o que se vive em Moçambique — as redes de internet têm sofrido limitações. Alguns dizem tratar-se de sabotagem, numa tentativa de “tapar o sol com a peneira” sobre a situação no terreno.
Sobre os bloqueios de internet constantes, várias vozes já tecerem suas críticas, e desta vez o candidato presidencial, Venâncio Mondlane, disse, ontem, numa live, que tais constituem violações fundamentais dos seres humanos.
Referindo-se a um jornal italiano que abordou as recentes manifestações em Moçambique, incluindo as limitações de acesso à internet, notou que “o acesso à internet é um direito fundamental dos seres humanos”.
“Portanto, o que está sendo feito com a internet em Moçambique é a violação de um direito fundamental do ser humano. Não é só uma questão de moçambicanos. É um direito universal… que ninguém precisa de ter autorização para usufruir”, disse.
O candidato presidencial, apoiado pelo partido Podemos, tem recorrido às redes sociais para passar as suas mensagens aos seus apoiantes. Ele recorre à estratégia de antecipar as horas das comunicações em directo “lives”. Em um dos dias em que anunciou um live, o acesso à internet em Moçambique foi interrompido. Na live realizada no dia seguinte, avisou a redes de telefonia que aprovisionam a internet que tem recebido mensagens segundo as quais os seus simpatizantes estão dispostos a queimar as antenas de comunicação. Nesse mesmo dia, as redes visadas já estavam a oferecer 2 gigas de dados para seus clientes devido à “interrupção” de internet.
Nos dias subsequentes de greves a internet funcionava com restrições, sendo que as redes sociais, com destaque para o Facebook, Whatsapp e Instagram, ambas da Meta, deixaram de funcionar. O Facebook e o Whatsapp parecem ser as redes sociais onde as ocorrências sobre as greves são mais difundidas.
Na sexta-feira, a internet funcionou com severas limitações. Na noite do mesmo dia, quando já eram cerca de 21 horas, o candidato presidencial realizava uma live. Nesse momento o bloqueio ao acesso à internet foi agravado. Se nos anteriores bloqueios, o tik tok e o Youtube funcionam, ontem, naquela hora, sequer funcionavam. A live terminou cerca de 45 minutos depois, quando já eram 22 horas. Quando eram 23h30, havia sinais de “normalização” da internet.
Sem se referir aos bloqueios severos de internet, esta semana, a Autoridade Nacional da Comunicações — INCM disse que verifica o uso das redes de comunicações para a divulgação de conteúdos contra a segurança do Estado. Alertou que tais práticas constituem crimes. Apelou à população para denunciar actos corrosivos à tranquilidade pública.
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