O Southern African Power Pool (SAPP) e os consultores de investimento Gestores do Fundo Climático lançaram na terça-feira um novo fundo-alvo de 1,3 mil milhões de dólares para construir linhas de transmissão de alta tensão ligando os países da região.

O Mecanismo Regional de Financiamento de Infraestruturas de Transmissão (RTIFF) começa com 20 milhões de dólares em compromissos do SAPP e visa um primeiro fechamento de 500 milhões de dólares em 2025, numa tentativa de superar um obstáculo importante que restringe o crescimento num sector energético em evolução.

O financiamento será obtido junto a investidores dos setores público e privado, local e internacionalmente, indica um comunicado conjunto citado pela Reuters.

Apesar da abundância de fontes de energia em África, a falta de ligações entre os países tem dificultado a integração e o comércio entre os 12 membros da SAPP, que incluem o peso económico regional da África do Sul e o principal exportador de cobre, a Zâmbia.

“A RTIFF desmantela isto ao permitir que o sector privado trabalhe em conjunto com os serviços públicos para implementar novas linhas de transmissão em grande escala”, disse Victor Mapani, presidente do comité executivo da SAPP, citado no comunicado.

O mecanismo, com uma vida útil de fundo entre 20 e 25 anos, deverá atingir um fechamento final de US$ 1,3 bilhão em dois anos.

Um impulso às energias renováveis, incluindo a energia eólica, solar e hídrica, destacou a escassez de ligações em toda a região, onde os projectos, muitas vezes em áreas remotas, não conseguem ligar-se às redes nacionais.

Sendo um mercado de electricidade competitivo com negociações diárias, o SAPP pretende ligar Angola, Malawi e Tanzânia à plataforma e identificou oito projectos de transmissão prioritários, disseram responsáveis ​​num comunicado de imprensa.

“Uma vez que o Malawi já está ligado a Moçambique e a Tanzânia está ligada à Zâmbia, o próximo projecto-chave é a ligação de Angola à Namíbia”, disse Stephen Dihwa, director executivo da SAPP, à Reuters.

A interligação Angola-Namíbia está estimada em 356 milhões de dólares, disse ele, cerca de um décimo do investimento total necessário para linhas de transmissão até 2040 para melhorar a integração regional.

A endividada empresa de energia Eskom, da África do Sul, que necessita de cerca de 350 mil milhões de rands (18,41 mil milhões de dólares) ao longo da próxima década para melhorar a sua rede de transmissão, está a cortejar o sector privado para investimento para superar a pior escassez de electricidade registada no país.

“A falta de investimento em infra-estruturas de rede é uma das razões para os apagões contínuos em muitas partes da África Austral”, disse Amit Mohan, chefe de crédito privado dos CFM.

Fonte: Reuters