O Presidente dos EUA, Joe Biden, divulgou esta segunda-feira um orçamento que inclui impostos mais elevados para os mais ricos, défices federais mais baixos, mais dinheiro para a polícia e mais financiamento para educação, saúde pública e habitação.
Tal como noticia a Lusa, com este plano, Biden procura desenhar a mensagem política que o seu Partido Democrata levará para as eleições intercalares no final deste ano.
“Orçamentos são declarações de valores e o orçamento que divulgo hoje envia uma mensagem clara de que valorizamos a responsabilidade orçamental, a segurança e a proteção em casa e em todo o mundo, bem como os investimentos necessários para continuar a nossa equidade, crescer e construir uma América melhor”, disse Biden, num comunicado citado pela Lusa.
Biden procura formatar um discurso eleitoral de meio de mandato para uma nação ainda à procura de equilíbrio, após anos afectados pela pandemia de covid-19, uma recessão económica, uma recuperação, desafios à democracia e uma guerra na Ucrânia.
O orçamento de Biden prevê diminuir os défices anuais em mais de um bilião de dólares na próxima década, sobretudo graças a impostos mais altos para as pessoas de maiores rendimentos, e do fim dos gastos de apoio social por causa do surto do novo coronavírus.
O Presidente propõe 5,8 biliões de dólares em gastos federais para o ano fiscal de 2023, que começa em outubro, um pouco menos do que o que foi projectado para ser gasto este ano, e um défice de 1,15 biliões de dólares.
Nesta proposta, constam 795 mil milhões de dólares para defesa, 915 mil milhões de dólares para programas domésticos, e o saldo restante vai para gastos obrigatórios, como Segurança Social, Medicare, Medicaid e juros líquidos sobre a dívida nacional.
O aumento de impostos sobre as grandes fortunas, previsto neste plano, permitirá aumentar as receitas fiscais em 361 mil milhões de dólares ao longo de 10 anos, aplicando-se às 0,01% de famílias mais ricas.
A proposta elenca mais 1,4 biliões de dólares em receita arrecadada na próxima década por meio de outros aumentos de taxas, que visam preservar a promessa de Biden de não aumentar impostos sobre pessoas que ganham menos de 400.000 dólares anuais.
Politicamente, o plano, de 156 páginas, revela as fraturas dentro da base de apoio de Biden no Congresso e lacunas entre as suas promessas eleitorais e a realidade que agora oferece aos norte-americanos.
A proposta inclui um imposto mínimo de 20% sobre o rendimento das famílias no valor de 100 milhões de dólares ou mais, semelhante a uma proposta que os democratas no Congresso começaram a debater no final do ano passado e que não conseguiram fazer aprovar no Senado.
Num outro importante sinal, o orçamento agora apresentado assume – com um alto grau de incerteza com base nas previsões feitas em novembro passado – que a inflação — que atingiu um valor recorde nos últimos 40 anos — deve regressar ao normal no próximo ano.
O orçamento prevê uma inflação de 4,7% este ano e 2,3% em 2023, a partir dos 7% em 2021.
Mas a verdade é que os preços continuam a subir, nestes primeiros dois meses de 2022, e a invasão da Ucrânia pela Rússia elevou os valores do petróleo e gás natural, ameaçando contaminar toda a economia.
Cecilia Rouse, presidente do Conselho de Assessores Económicos da Casa Branca, disse que o Governo espera que “a economia normalize”, à medida que o país trava novas vagas da pandemia, as pressões da cadeia de suprimentos diminuem e as “medidas extraordinárias” de apoio vinculadas ao novo coronavírus ficam fora do orçamento.