Jimmy Carter, antigo presidente dos EUA e prémio Nobel, morre aos 100 anos

Jimmy Carter, antigo presidente dos EUA e prémio Nobel, morre aos 100 anos

Jimmy Carter, o antigo agricultor que tentou restaurar a virtude na Casa Branca após o escândalo Watergate e a Guerra do Vietname, e que regressou após uma derrota esmagadora para se tornar um defensor global dos direitos humanos e da democracia, morreu aos 100 anos.

Segundo uma publicação da Euronews português, o Centro Carter informou que o 39.º presidente morreu no domingo à tarde, mais de um ano depois de ter começado a receber cuidados paliativos, na sua casa em Plains, Geórgia, onde ele e a mulher, Rosalynn, falecida em Novembro do ano passado, viveram a maior parte das suas vidas.

O centro salientou que morreu pacificamente, rodeado pela família.

Com as reações a chegarem de todo o mundo, o presidente Joe Biden lamentou a morte de Carter, dizendo que o mundo perdeu um “extraordinário líder, estadista e humanitário” e que ele tinha perdido um querido amigo.

Biden citou a compaixão e a clareza moral de Carter, o seu trabalho para erradicar doenças, forjar a paz, fazer avançar os direitos civis e humanos, promover eleições livres e justas, alojar os sem-abrigo e defender os desfavorecidos como um exemplo para os outros.

“A todos os jovens desta nação e a todos os que procuram saber o que significa viver uma vida com objectivos e significado – a boa vida – estudem Jimmy Carter, um homem de princípios, fé e humildade”, afirmou Biden numa declaração.

“Ele mostrou que somos uma grande nação porque somos um bom povo – decente e honrado, corajoso e compassivo, humilde e forte”.

Joe Biden disse ainda que irá realizar-se um funeral de Estado para Carter em Washington.

Democrata moderado, Carter candidatou-se à presidência em 1976 como um governador pouco conhecido da Geórgia, com um sorriso largo, uma fé batista efusiva e planos tecnocráticos para um Governo eficiente.

A sua promessa de nunca enganar o povo americano ressoou após a desgraça de Richard Nixon e a derrota dos EUA no sudeste asiático.

“Se alguma vez vos mentir, se alguma vez fizer uma declaração enganosa, não votem em mim. Eu não mereceria ser o vosso presidente”, disse Carter.

Os americanos ficaram cativados pela sinceridade e, apesar de uma entrevista à Playboy em ano de eleições ter provocado risos quando disse que “tinha olhado para muitas mulheres com luxúria. Cometi adultério no meu coração muitas vezes”, os eleitores cansados do cinismo político acharam-no cativante.

A vitória de Carter sobre o republicano Gerald Ford, cuja fortuna caiu depois de perdoar Nixon, ocorreu no meio de pressões da Guerra Fria, mercados petrolíferos turbulentos e convulsões sociais sobre a raça, os direitos das mulheres e o papel da América no mundo.

A família adoptou um tom informal na Casa Branca, carregando a sua própria bagagem, tentando silenciar o tradicional “Hail to the Chief” da Marine Band e inscrevendo a filha, Amy, em escolas públicas.

Carter foi criticado por usar um casaco de malha e por pedir aos americanos que baixassem o termóstato.

Mas preparou o terreno para uma recuperação económica e reduziu drasticamente a dependência dos Estados Unidos do petróleo estrangeiro, desregulamentado a indústria energética, bem como as companhias aéreas, os comboios e os camiões.

Criou os departamentos da Energia e da Educação, nomeou um número recorde de mulheres e não-brancos para cargos federais, preservou milhões de hectares de natureza selvagem no Alasca e perdoou a maior parte dos fugitivos ao recrutamento no Vietname.

Entre as suas realizações conta-se também a mediação da paz no Médio Oriente, mantendo o presidente egípcio Anwar Sadat e o primeiro-ministro israelita Menachem Begin em Camp David durante 13 dias em 1978.

 

(Foto DR)

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