O Embaixador italiano em Moçambique, Gianni Bardini, aconselha o país a evitar no máximo empréstimos e procurar apenas aceder a donativos ou créditos concessionários, para não agravar ainda mais a situação em que se encontra caracterizada por uma dívida pública insustentável.
Segundo dados do Ministério de Economia e Finanças (MEF), a dívida pública moçambicana está na ordem de 70 % do Produto Interno Bruto (PIB), tendo no primeiro trimestre deste ano aumentado 2,8% para 999 mil milhões de meticais.
Face à situação, o diplomata italiano sugere que Moçambique “deve reduzir os níveis de endividamento e procurar financiamento externo de fundos concessionários ou donativos”. “A dívida está a limitar o país a encontrar outras fontes de financiamento nas praças financeiras internacionais porque o seu nível de endividamento externo é insuportável”, frisou Gianni Bardini, numa entrevista à AIM.
Na mesma publicação, o diplomata italiano referiu que 92% do orçamento do Estado moçambicano é gasto em salários e pagamento da dívida, tanto externa como interna, restando apenas 8% do orçamento para despesas de investimento, factor que atrasa o desenvolvimento do país a todos os níveis.
“Neste momento, o financiamento internacional não tem muita disponibilidade. Para reduzir a dívida, Moçambique deve reduzir a sua despesa interna. Só assim pode recuperar a confiança de parceiros internacionais, mas isso não se resolve de noite para dia”, vincou.
No entanto, o embaixador estimou que Moçambique vai crescer economicamente nos próximos anos, fruto das receitas dos projectos de gás em curso no país, mas chamou atenção para a problemática da dívida pública que se encontra a níveis altos, na ordem de 70% do PIB.
Sobre o terrorismo, assegura que o fenómeno que assola a província nortenha de Cabo Delgado, desde Outubro de 2017, não coloca em risco as operações da petrolífera italiana, ENI, que opera o projecto Coral Sul FNLG, mas reconhece que a situação preocupa porque há outros projectos italianos estagnados na indústria do gás do Rovuma por conta da insegurança.
O projecto Coral Sul FLNG, implementado pelas concessionárias da Área 4 da bacia do Rovuma, está fora da rota do terrorismo porque é offshore operado a mais de 50 quilómetros da costa.
“Segurança para ENI não é um problema porque o projecto da ENI é offshore. O gás está sendo extraído e liquefeito a 60 quilómetros da costa através de uma plataforma flutuante. Esta plataforma está a 2000 metros de profundidade, por isso a ENI nunca foi impactada pela insurgência. O problema é com outras iniciativas italianas envolvidas com o projecto Mozambique LNG, da TotalEnergies. Neste momento esses projectos, como a Saipem, pararam e esperamos que recomessem”, disse o Embaixador italiano em Moçambique.
(Foto DR)
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